O enfraquecimento do mercado doméstico e a redução das exportações deve ter pressionado o volume de vendas da Usiminas no quarto trimestre de 2014, fazendo com que a companhia saia do lucro e registre prejuízo líquido no balanço a ser reportado amanhã, antes da abertura do mercado.
Das seis casas consultadas pelo Valor, quatro apontam que a Usiminas terá prejuízo no quarto trimestre, com média de R$ 138,5 milhões, após o lucro de R$ 47 milhões obtido no mesmo intervalo de 2013. A perda líquida é também muito superior à do terceiro trimestre, de R$ 24 milhões.
As duas exceções que esperam lucro são o BTG Pactual, que prevê ganho de R$ 25 milhões, e o Morgan Stanley, que aposta em R$ 14 milhões. No entanto, todas as seis projeções indicam forte queda de receita, refletindo redução nas vendas. A média aponta a uma receita de R$ 2,784 bilhões, 12,8% menor do que os R$ 3,193 bilhões do quarto trimestre de 2013.
A desaceleração da atividade econômica do Brasil é a principal razão para a queda das vendas da Usiminas, devido à baixa demanda por aço de indústrias como a automotiva. Conforme o Itaú BBA, os resultados do segmento de aço devem ser mais fracos no trimestre, refletindo também o enfraquecimento das exportações da companhia. Além disso, as operações de mineração devem apresentar resultado mais fraco, dada a baixa dos preços do minério de ferro.
O J.P. Morgan também aponta para resultados operacionais ruins, mas destaca que eles devem ser compensados parcialmente pela redução dos custos de matéria-prima e pela realização de preços maiores com exportação de aço, na esteira da desvalorização do real.
No lado positivo, a Usiminas continuou vendendo energia excedente no mercado de curto prazo no trimestre. Para o Bradesco, essa estratégia deve resultar em R$ 90 milhões em receita no período. No entanto, a redução no preço máximo da energia nesse mercado reduziu a atratividade da operação.
Os preços de minério de ferro, por sua vez, ficaram estáveis no trimestre passado, sendo que a Usiminas só deve anunciar aumentos em 2015, apontou o Bradesco. Os resultados operacionais - destacados pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) - devem ser positivos, mas consideravelmente menores do que os do quarto trimestre de 2013. A média das estimativas indica um Ebitda de R$ 313 milhões no trimestre, queda de 39% na comparação anual e de 8,8% em base trimestral.
A margem Ebitda também deve cair para 11,2%, ante os 16% do quarto trimestre de 2013, preveem especialistas.
Neste ano, os resultados operacionais da Usiminas devem continuar fracos, "enquanto a demanda doméstica continuará pressionada e as perspectivas para os preços de minério continuam ruins", afirmou o Itaú BBA.
O J.P. Morgan destaca que é importante avaliar nos resultados da siderúrgica de 2014 as expectativas da empresa para a demanda doméstica no primeiro trimestre de 2015, assim como a estratégia para o preço de minério de ferro e as tendências para os preços domésticos.
"Nós acreditamos que a Usiminas implementou descontos aos distribuidores no segundo semestre do ano passado, mas os efeitos vão ser vistos no primeiro trimestre deste ano", observou o Bradesco em relatório.
(Fonte: Valor Econômico/Camila Maia | De São Paulo)
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