As medidas tomadas pela nova administração da Usiminas — comandada pela Ternium, que entrou no bloco de controle da siderúrgica em novembro —, como o enxugamento das operações para buscar rentabilidade, começam a ter reflexo nas ações da companhia.
No pregão de hoje da BM&FBovespa, os papéis preferenciais e ordinários da companhia superaram o principal índice da bolsa. Os ativos PN subiram 5,3%, cotados a R$ 7,38, a maior alta, enquanto os ON avançaram 3%, negociados a R$ 8,25, em terceiro lugar. O Ibovespa caiu 2%.
A recuperação é observada depois de um grande período de baixa para as ações. No acumulado deste ano, apesar dos recentes ganhos registrados, a desvalorização é de 26,8% para os papéis PN e de 51,7% para os ON.
A equipe do analista Pedro Grimaldi, do banco britânico Barclays, atribui à nova diretoria os pontos positivos do resultado divulgado ontem. Julián Eguren, da Ternium, assumiu a presidência em fevereiro.
“A companhia já vem entregando algumas melhorias desde a entrada da nova administração”, avalia Karina Freitas, da Concórdia.
As decisões do novo comando resultam em uma “arrumação interessante da casa”, opina Aloisio Lemos, da Ágora. Segundo ele, a nova integrante do bloco de controle tem ajudado também na conquista de novos países, como México e Argentina — Eguren veio da operação mexicana da Ternium.
A tática da Usiminas no período foi acessar o mercado externo para se livrar dos altos estoques que vinham cortando seus ganhos nos trimestres anteriores. Mesmo que os produtos tenham um valor agregado menor, o que significa alta dos custos maior do que das receitas, a medida foi vista com bons olhos.
Além disso, a siderúrgica resolveu reduzir seu capital de giro disponível, já conquistando um corte de R$ 900 milhões nos seis primeiros meses de 2012. Durante a teleconferência para explicar o balanço, a empresa também anunciou que vai reduzir sua meta de investimentos no ano, de até R$ 2,7 bilhões, para R$ 2 bilhões.
Para Rodrigo Barros e Leandro Cappa, analistas do Deutsche Bank, as medidas mostram a Usiminas entrando no caminho certo para recuperar a lucratividade. “Os resultados claramente superaram as estimativas”, comenta a dupla. Mas Lemos adverte: ainda é pouco.
A siderúrgica precisa agora cuidar do seu mix de vendas para recuperar as margens. Há alguns anos, cerca de 40% da receita chegava ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), patamar que caiu para 11% no ano passado e 7% entre abril e junho deste ano. “O patamar é muito baixo”, comenta o analista da Ágora.
William Alves, da XP Investimentos, também adota uma postura mais cautelosa. “Seguimos céticos com relação à capacidade da empresa em apresentar uma rentabilidade satisfatória no médio prazo”, afirma. Ricardo Martins, da Planner, engrossa o coro: “Persistem os grandes problemas da empresa com elevados custos e queda nas vendas do mercado interno”.
Para Lemos, parte do problema começa a ser resolvida no atual trimestre. Os preços do minério de ferro e do carvão, principais matérias-primas da Usiminas, engataram uma tendência de queda no mercado internacional. Isso pode trazer melhores margens entre julho e setembro. “Mas eu não acredito em recuperação rápida”, diz.
Fonte: Valor
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