Maior produtora de resinas das Américas, a Braskem manterá os esforços de aumento das exportações ao longo dos próximos meses, numa tentativa de compensar o impacto negativo da crise econômica nas vendas domésticas. A petroquímica está mais pessimista em relação à demanda local das principais resinas (polietileno, polipropileno e PVC) e, agora, prevê queda de 7% em 2016, frente a previsão inicial de retração de 5%.
"Vamos ampliar ainda mais as exportações", disse o novo presidente da Braskem, Fernando Musa. "A demanda no exterior tem se mostrado muito mais positiva e a Braskem tem alavancado a disponibilidade de produto a partir do Brasil", acrescentou.
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No primeiro trimestre, essa estratégia, o câmbio favorável às vendas externas e os spreads (diferença de preço em relação à matéria-prima) elevados de petroquímicos básicos e polipropileno (PP) nos Estados Unidos e na Europa garantiram à petroquímica resultado operacional recorde.
De janeiro a março, a receita líquida da companhia subiu 19,4% na comparação anual, para R$ 12,17 bilhões, enquanto o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) alcançou R$ 3,06 bilhões, o dobro do apurado um ano antes e o maior já registrado pela petroquímica em um trimestre. A margem Ebitda, por sua vez, avançou 10,6 pontos percentuais, para 25,1%.
As exportações de resinas no intervalo totalizaram 415 mil toneladas, um aumento de 62% na comparação anual, e as vendas no mercado doméstico caíram 18%, a 780 mil toneladas, em linha com o encolhimento do mercado. Já as vendas externas dos principais petroquímicos básicos caíram 12%, para 262 mil toneladas, diante da maior destinação de propeno para produção de polipropileno, que foi recorde de exportação no trimestre.
De acordo com o vice-presidente de Finanças e de Relações com Investidores da Braskem, Pedro Freitas, o ritmo de queda das vendas domésticas visto no primeiro trimestre tende a não se repetir nos próximos intervalos, uma vez que o início do ano passado havia sido "excepcionalmente forte", beneficiado pelo movimento de reposição de estoques na cadeia de resinas.
Exportações de resinas no primeiro trimestre somaram 415 mil toneladas, alta de 62% na comparação anual
O forte desempenho dos negócios internacionais de polipropileno, sobretudo nos Estados Unidos, levou a Braskem a olhar oportunidades de compra de ativos. "A companhia está avaliando oportunidades de desgargalamento de linhas e a construção de novas linhas, mas continuamos abertos a oportunidades de aquisição no mercado", disse Musa. Entre o fim do ano e o início de 2017, a companhia prevê encaminhar à aprovação do conselho de administração o projeto de construção da sexta linha de PP nos Estados Unidos.
Ainda naquele país, a Braskem está convertendo uma de suas linhas de produção para a fabricação de polietileno de ultra alto peso molecular (marca UTEC), o que permitirá a entrada da companhia no mercado americano de polietilenos.
Em 2016, a Braskem pretende investir R$ 3,67 bilhões em suas operações. No primeiro trimestre, os desembolsos totalizaram R$ 746 milhões. A maior parte dos recursos, ou R$ 516 milhões, foi direcionada para o Complexo Petroquímico do México, que receberá R$ 1,33 bilhão neste ano. De acordo com Musa, os aportes no complexo mexicano estão em fase de transição de investimento relacionada à partida do empreendimento para desembolsos de natureza de manutenção. "Estamos finalizando o investimento do projeto", comentou. No total, o complexo mexicano exigiu investimento de R$ 5,2 bilhões.
A central petroquímica do México entrou em operação em 18 de março, ante previsão inicial de começo de operação no fim do ano passado, e no início de abril a primeira linha de polietileno entrou em atividade. A segunda linha começou a produzir polietileno em 28 de abril e a terceira está em fase de partida, neste momento. "A resina do México já está sendo vendida", acrescentou Musa.
De janeiro a março, a Braskem registrou lucro líquido atribuível aos acionistas controladores de R$ 774,7 milhões, uma alta de 208% frente ao ganho atribuível de R$ 251,4 milhões apurado um ano antes. Em março, a dívida líquida da companhia era de R$ 18,98 bilhões, com queda de 10% frente ao endividamento apurado em dezembro.
A alavancagem financeira medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda era de 1,72 vez no fim do trimestre, frente a 2,23 vezes três meses antes, considerando os valores em reais. Em dólar, o indicador ficou igualmente em 1,72 vez em março - o menor patamar em dez anos, segundo comentário de desempenho que acompanha o balanço.
Fonte: Valor Econômico/Stella Fontes | De São Paulo