Assim como o mercado, o novo diretor-presidente e de relações com investidores da MMX, mineradora do grupo EBX, Carlos Gonzalez, disse estar surpreso com a saída de Guilherme Escalhão do cargo e com a sua indicação para substitui-lo. Gonzalez, que havia retornado para o grupo em 2011, respondia pela diretoria de mineração da EBX. "Fui surpreendido pela decisão do Guilherme. Eike [Batista, acionista controlador da MMX] me chamou e me ofereceu esse desafio. Conheço bastante o grupo e me sinto motivado em participar desse projeto", disse Gonzalez em teleconferência.
Tudo indica que a opção de Eike por Gonzalez teve motivação técnica, além de ser visto como "homem de confiança" do empresário. O executivo tem mais de 20 anos de experiência na mineração, com passagem pela Vale, onde ocupou a gerência de operações de Carajás. Em 2005, entrou para a EBX e, em 2008, transferiu-se para a Anglo American, onde coordenou por três anos a operação do projeto Minas-Rio, adquirido da MMX.
Apesar das qualificações do geólogo e engenheiro de minas, o mercado reagiu mal à escolha. Na sexta-feira, após a divulgação pela MMX da indicação de Gonzalez para o cargo, as ações ON caíram mais de 2,5% no pós-mercado. Ontem, sofreram nova queda, de 2%, fechando a R$ 3,90. A reação, contudo, pode estar relacionada ao excessivo número de mudanças na empresa, do que na confiança no novo executivo. Em menos de 18 meses, esta é a terceira troca de executivo na MMX, que também mudou de diretor financeiro cinco vezes em quatro anos.
"A nosso ver, mudanças contínuas na administração exercem efeito negativo sobre a execução do projeto, sendo o exemplo mais recente o atraso de seis meses no Superporto Sudeste, adiado para o final de 2013", afirmou o analista Jonathan Brandt em relatório da HSBC Corretora.
O próprio Gonzalez admitiu que realizará um processo de transição com Escalhão para se inteirar dos detalhes dos principais projetos da empresa. Entre eles estão as obras do Superporto do Sudeste, em Itaguaí (RJ), e a expansão da mina de Serro Azul, no quadrilátero ferrífero mineiro, que somam investimentos de R$ 7,2 bilhões.
Escalhão, que também participou da teleconferência, disse que sua saída teve motivações pessoais. "Não teve nenhuma relação com a empresa. É um momento de dedicar mais tempo a minha família e a mim mesmo".
Para o mercado, a saída do executivo se deve às dificuldades que a companhia vem encontrando para cumprir o cronograma de seus projetos.
Ontem à noite, a CCX, controlada do grupo EBX para exploração de carvão, informou que Eike Batista vai oferecer R$ 4,31 por ação para fechar seu capital. O anúncio veio após as ações da mineradora de carvão terem avançado 44,9% no dia, para R$ 3,13, com volume expressivo de R$ 15 milhões. A média de movimentação diária do papel nos 20 pregões anteriores foi de apenas R$ 955 mil. A oferta de fechamento de capital será feita mediante a permuta de ações da MMX, LLX, MPX, OGX, ou OSX, outras empresas do grupo EBX. O número de ações oferecidas pelo controlador está limitado a 2% das ações representativas do capital social de cada uma das companhias. (Colaboraram Vera Saavedra Durão, Natalia Viri e Alessandra Saraiva)
Fonte: Valor Econômico/Por Rodrigo Polito | Do Rio
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