Após uma arrancada em setembro, os principais metais não ferrosos despencaram em outubro. Como resultado do sobe e desce dos últimos meses, as altas no acumulado do ano são tímidas para o cobre, o chumbo e o zinco, enquanto o alumínio e níquel estão negativos. De agora até o fim de dezembro, não há expectativas de melhora para nenhuma das principais commodities metálicas, segundo analistas ouvidos pelo Valor.
Há dois meses, as cotações dos metais na bolsa de metais de Londres, a London Metal Exchange (LME), subiram puxadas pelo anúncio do plano de compra de ativos de US$ 40 bilhões nos Estados Unidos, que são um importante consumidor global de metais. A China, principal compradora, com 43% da demanda mundial, também favoreceu as cotações com planos de estímulo à indústria. Passada a euforia, entretanto, os investidores voltaram às vendas cientes de que a recuperação americana é lenta e a economia chinesa está mais para estabilização em um nível de crescimento de 7,5% ao ano do que de aceleração.
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A falta de sinais de aumento da demanda chinesa pesou sobre as cotações. Ainda que o país esteja em um processo de eletrificação, com a construção de redes elétricas no interior - o que tende a puxar os preços do cobre, por exemplo -, não é possível esperar demanda robusta por metais no curto prazo, na visão de analistas.
Além disso, as compras de produtos de linha branca vem caindo no país com o fim de subsídios, diz Carlos Risopatron, economista do International Cooper Study Group (ICSG), organização que compila dados globais do mercado de cobre. O mesmo acontece com as exportações de produtos manufaturados chineses para a Europa, que segue abalada pela crise da dívida de importantes economias locais. Assim, ainda que a volatilidade característica das commodities metálicas continue alta, a expectativa é de que os preços não subam significativamente até o fim do ano.
Como resultado dessa conjuntura nada animadora, os principais metais não ferrosos tiveram em outubro quedas entre 5,9% do cobre e 12,3% do níquel. Para os exportadores brasileiros, entretanto, as baixas não são sentidas nessa intensidade, já que os metais são cotados em dólar, e a moeda americana está num patamar mais alto em 2012 do que nos anos anteriores.
O níquel liderou as perdas pelo fato de ter um mercado menor, com poucos produtores e consumidores (a produção anual de 2 milhões de toneladas, contra 20 milhões de toneladas no caso do cobre, para efeito de comparação). Por isso, tende a ser mais volátil e reagir mais intensamente aos estímulos do mercado. No acumulado do ano, o metal tem queda de mais de 10%. A intensidade da baixa pode ser explicada também por um aumento exagerado nos últimos anos, lembra Risopatron, do ICSG. A tonelada de níquel chegou ao patamar de US$ 50 mil em 2007 - mais que o dobro dos US$ 18 mil atuais - sem que houvesse um desequilíbrio de oferta e demanda que justificasse a continuidade daquele nível.
O petróleo, cujos preços também tendem a acompanhar a atividade econômica global, não deve avançar neste fim de ano. Depois de variar entre US$ 99 a US$ 116 nos últimos quatro meses, a commodity terminou outubro em baixa de 3,6%. Para analistas da PriceWaterhouseCoopers, o enfraquecimento da economia mundial neste semestre acaba enfraquecendo pressões para subidas dos preços, afirmam em relatório. Ainda que não acreditem em saltos dos preços, eles ponderam que o mercado segue observando o banco central americano. Uma compra efetiva de ativos pelo Fed pode enfraquecer o dólar, o que tende a estimular compras de petróleo, elevando as cotações.
Em 2013, espera-se o aumento da produção de alguns dos metais, como é o caso do cobre. O aumento da demanda, entretanto, ainda é uma dúvida. Otimista, o estrategista de metais do JP Morgan, Colin Fenton, acredita que a procura deve subir, acompanhando um maior crescimento econômico global. O banco de investimentos projeta um avanço de 2,4% no Produto Interno Bruto (PIB) mundial em 2013, acima dos atuais 1,6%.
Fonte: Valor Econômico/Por Olívia Alonso | De São Paulo