A indústria metalúrgica Metasa, com sede em Marau, anunciou ontem um novo investimento no Estado, desta vez na cidade de Charqueadas. Já a unidade prevista para Rio Grande vai demorar mais 16 meses para entrar em operação. Nesta quarta-feira, a empresa assinou com o governo do Estado um protocolo que amplia o prazo para que a companhia instale uma fábrica junto ao polo naval. O projeto de instalação foi firmado há dois anos e deveria começar a operar no início de 2012, mas as obras sequer foram iniciadas. Por isso, o projeto passou por uma reavaliação da Secretaria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI), que determinou a renovação.
Segundo Oscar de Azevedo, diretor de novos negócios da empresa, a demora foi ocasionada pela dificuldade de definir exatamente que produtos deveriam ser feitos em Rio Grande. “Nossa ideia inicial era uma, mas os itens que pensávamos produzir ali acabaram sendo importados por nossos clientes, com preços com os quais não conseguiríamos competir. Por isso o projeto acabou atrasando e abriu espaço para essa renegociação, onde definimos também a instalação de uma terceira unidade produtiva no Estado, em Charqueadas”, disse o executivo. A Metasa ficará, então, com quatro unidades de produção no País, somando-se a operação de Santo André (SP).
Ele afirmou que o investimento em Charqueadas, que teve protocolo assinado no dia 5 de abril, não concorre com o que já havia sido anunciado para Rio Grande. Isso porque a empresa pretende produzir estruturas pesadas primárias e secundárias na região carbonífera (módulos de sustentação de plataformas de petróleo), enquanto em Rio Grande – onde o terreno destinado à Metasa não tem acesso por via aquática – a proposta é construir estruturas leves.
Segundo Azevedo, agora a empresa volta à etapa de ouvir clientes e a Petrobras, para detalhar como será a produção. Um dos fatores que determinarão o tamanho dos investimentos (tanto em valores, quanto em capacidade produtiva a ser instalada) é a distribuição a ser feita pela Petrobras para a produção de módulos de exploração de petróleo. A empresa irá se preparar para atender aquelas que disputam tais contratos e vai dimensionar as duas unidades produtivas de acordo com o que será produzido no Estado.
O acordo inicial da Metasa para Rio Grande previa a construção de uma fábrica com cerca de 135 mil metros quadrados de área e capacidade instalada para o processamento de até 60 mil toneladas de aço por ano. O complexo deveria absorver, pela previsão inicial, cerca de R$ 370 milhões em investimentos. Já em Charqueadas, segundo a prefeitura, o documento firmado em abril é referente à aquisição do terreno para a instalação da indústria. A expectativa local é que sejam gerados 600 empregos, entre diretos e indiretos, e a avaliação do investimento chega a R$ 120 milhões – os valores não foram confirmados pela empresa ou pelo Estado. “Tudo depende de quantos módulos serão feitos no Rio Grande do Sul. Qualquer número agora seria especulação”, ponderou o secretário adjunto da SDPI, José Antônio Antunes Júnior.
Para Antunes, o importante é que a renovação do acordo entre o Estado e a Metasa está alinhada com o plano de desenvolvimento industrial para a indústria naval. “Estamos, com a Metasa e com as outras empresas que já demonstraram interesse de se instalar tanto em Rio Grande quanto ao longo da hidrovia, sobretudo em Charqueadas, criando um cluster.”
Antunes observou que a criação de um outro ponto dedicado à indústria naval em Charqueadas (além daquele já existente em Rio Grande) está em consonância com a estratégia de descentralizar os investimentos.
Fonte: Jornal do Commercio (RS)/Clarisse de Freitas
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