O México adiou dois leilões de petróleo e xisto e uma licitação para joint-ventures com a estatal Petróleos Mexicanos (Pemex). Os leilões e a licitação estavam previstos para setembro e outubro, mas passaram para 14 de fevereiro, depois da posse do presidente eleito Andrés Manuel López Obrador, em 1º de dezembro. A medida surpreendeu analistas e pode assustar investidores do setor de petróleo.
"Na Comissão Nacional de Hidrocarbonetos (CNH), achamos uma boa ideia dar ao novo governo tempo para revisar o conteúdo dos contratos a serem licitados e o processo de licitação", disse Juan Carlos Zepeda, presidente da CNH, ao jornal "Financial Times". Ele argumentou que o novo governo disse que deseja revisar a porcentagem de conteúdo nacional.
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"A decisão surpreendeu todos", afirma o analista Eduardo Arcos, da consultoria Control Risks.
Segundo ele, a Secretaria de Energia fez petição à CNH para postergar as datas da licitação e, em teoria, dar mais tempo para empresas analisarem as informações sobre as licitações. "No entanto, tudo parece indicar que a Secretaria estaria respondendo a um pedido de López Obrador, que na campanha disse que solicitaria a suspensão das licitações neste ano", disse.
Para Fernando Murillo, economista da Oxford Economics, no entanto, o adiamento já era previsto, dada a promessa de campanha de López Obrador em revisar os contratos. "Foi uma solicitação do futuro governo. Estamos em um período de transição. É um pouco confuso porque, de alguma maneira, o México hoje tem dois presidentes", ressalta.
O México havia programado para 27 de setembro o leilão de 37 campos terrestres nas bacias de Burgos, Tampico-Misantla-Veracruz e Cuencas del Sureste. Nove campos de xisto - os primeiros a serem leiloados no país - também seriam disputados nesse dia. Os parceiros para a joint venture a ser formada com a Pemex, que atuaria em sete campos terrestres nos Estados de Tabasco, Veracruz e Chiapas, seriam selecionados em 31 de outubro.
"A decisão muito provavelmente vai afastar investidores ou, ao menos, prolongará a incerteza no setor de energia até fevereiro", diz Arcos.
Fonte: Valor