A produção das maiores mineradoras de ferro do mundo está num nível recorde e elas começaram a reajustar os preços, mantendo a tendência de alta que começou de verdade na segunda metade de 2010.
As siderúrgicas, maiores compradoras do ferro transportado pelo mar, é que estão levando a facada e alertam em seus resultados que o preço da matéria-prima vai prejudicar seus lucros na maior parte do ano.
A terceira maior siderúrgica do mundo em faturamento, a sul-coreana Posco, informou este mês que o lucro caiu 60% no último trimestre de 2010 frente um ano antes, em parte por causa da forte alta no preço do ferro e do carvão coque, os dois principais ingredientes da produção de aço.
A Posco informou que seus custos com minério de ferro subiram 8% e ela espera que os preços continuam subindo.
"Esperamos que a matéria-prima aumente, mas é difícil para nós repassar totalmente o custo em nossos produtos", disse o diretor-presidente da Posco, Chung Joon-yang durante a divulgação dos resultados trimestrais da empresa, este mês.
Semana que vem, durante a divulgação de seus resultados, a japonesa Nippon Steel Corp., que também importa muito ferro, deve divulgar que seus lucros também estão sendo prejudicados pela alta do ferro.
Enquanto isso, as maiores mineradoras do mundo, a Rio Tinto, a Vale SA e a BHP Billiton, estão divulgando que suas minas de ferro, um de seus produtos mais lucrativos, estão operando a todo vapor.
A produção de ferro das operações mundiais da Rio Tinto bateu um novo recorde trimestral, atingindo 65 milhões de toneladas, e um novo recorde anual de 239 milhões de toneladas, uma alta de 3% e de 9%, respectivamente, em relação ao mesmo período um ano antes. A BHP informou que a produção de ferro do trimestre subiu 4% frente um ano antes.
O preço do ferro está oscilando em US$ 186 a tonelada, segundo o índice da Platts, voltando ao valor atingido em abril, o mais alto dos últimos dois anos. A Vale aumentou o preço do ferro em 7% este mês.
A BHP está tentando se afastar ainda mais da dependência dos índices trimestrais de preços e vender mais ferro com base na oferta e na demanda do momento. Na essência, ela quer determinar o preço do ferro na hora em que o cliente precisar dele.
"Gostaríamos que receber o preço do mercado do dia, todo dia, por todas as nossas commodities, já que acreditamos que transparência no preço é bom para os consumidores e os produtores", disse a analistas o diretor-presidente da BHP, Marius Kloppers.
A BHP vende hoje em dia 90% de sua produção a esses preços de curto prazo.
Em preparação para a continuidade dos aumentos na matéria-prima, as siderúrgicas estão tentando aumentar seus próprios preços para compensar a alta.
A segunda maior siderúrgica do mundo, a chinesa Baoshan Iron & Steel Co., já anunciou alta entre 3% e 7% em alguns de seus produtos mais importantes.
Na América do Norte, o preço do aço laminado a quente, um produto básico, já subiu fortemente - cerca de 20% desde novembro.
Espera-se que sejam anunciados mais reajustes, mas se eles vão se sustentar depende da demanda e da oferta de cada região. No Brasil e na China os reajustes devem resistir porque a demanda continua relativamente forte para os produtos de aço. Mas em lugares como a Coreia do Sul e a América do Norte, os reajustes provavelmente serão menos duradouros.
Nos EUA, as usinas siderúrgicas estão operando a entre 70% e 75% da capacidade, um nível lucrativo mas que não indica uma demanda muito forte. "A sustentabilidade desses reajustes do aço é altamente questionável", disse o analista Leonardo Correa, do Barclays Capital, num relatório de pesquisa divulgado este mês.
Fonte: valor Econômico/Robert Guy Matthews | The Wall Street Journal
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