A consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) divulgou ontem estudo intitulado "Mine, Back to the Boom", onde mostra que as 40 maiores mineradoras do mundo, lideradas pela australiana BHP Billiton, retomaram no fim do ano passado o valor de mercado que tinham em 2007, sinalizando rápida recuperação do setor após a crise iniciada em 2008. O fato, segundo o documento, aponta para o retorno de um otimismo prudente ao mercado, mas a consultoria não descarta a possibilidade de uma nova fase de "boom" nesse setor, conforme o relatório.
O valor de mercado da BHP Billiton saltou de US$ 110 bilhões em 2008 para US$ 200 bilhões, em 2009. Cerca de US$ 20 bilhões acima dos US$ 180 bilhões de 2007. O da Vale, que caiu para US$ 70 bilhões em 2008, retornou aos US$ 150 bilhões de 2007 no fim do ano passado.
O sócio da PwC, Tim Goldsmith, responsável global pelo setor de mineração na consultoria, acredita que as commodities minerais e metálicas podem estar vivendo uma fase próxima de um "boom", impulsionadas pela forte procura da China e outros países, no médio e longo prazos. Segundo ele, apesar das empresas terem divulgado queda nas receitas globais e no lucro líquido e reduzido o fluxo de caixa operacional (Lajida) em 2009, nenhuma das 40 mineradoras globais avaliadas no estudo estiveram sujeitas à falência.
As empresas de mineração estão vivendo um momento de otimismo, mas também de cautela por estarem saindo de uma crise global com ameaça de outra, desta vez na Europa. Para Ronaldo Valiño, sócio de mineração da PwC Brasil, atualmente o ítem número um da agenda dos executivos do setor de mineração, quase sem exceção, é a economia global.
"O que a pesquisa da PwC demonstra é que as empresas de mineração estão mais preparadas para enfrentar crises, mas também mais prudentes e têm um plano de longo prazo para os próximos anos", destaca. "O principal executivo de uma empresa está mais focado hoje em fatores macroeconômicos, como taxas de câmbio, custo de energia, e impactos das ações governamentais em relação a taxas de juros e regimes fiscais", avalia.
A hipótese de os governos que enfrentam déficit de orçamento "olharem para a indústria da mineração como uma fonte extra de tributação também está tirando o sono dos executivos das grandes companhias globais de minério". O governo australiano, por exemplo, anunciou recentemente o "Resources Super Profits Tax" e aumentou os royalties sobre o setor. O que explica a preferência das mineradoras pela agenda política, incluindo aí tributação e propriedade soberana.
Mesmo num mercado aquecido, com preços em alta do minério, Ronaldo Valiño não acredita que em 2010 ocorra aquisição de ativos de alto valor no setor de mineração, pois as empresas estão priorizando investimentos em projetos orgânicos. "As aquisições serão pontuais, caso surjam boas oportunidades, algumas perdidas em 2009. As grandes empresas de mineração estão agora de olho na diversificação de seus portfólios para reduzir o custo da oscilação de algumas commodities. Esta é a tendência atual", avaliou Valiño.
No ano passado, não foram efetuadas transações significativas no setor, como destaca o estudo da PwC. Por conta da crise, as mineradoras priorizaram proteger seus caixas vendendo ativos não estratégicos para pagar dívidas e reduzindo custos. As aquisições se concentraram em ativos de pequeno e médio porte e diversificados. Segundo o sócio de mineração da PwC Brasil, a diversificação de portfólio das mineradoras cresceu 7% no ano passado.
Fonte: Valor Econômico/ Vera Saavedra Durão, do Rio
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