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Por décadas, o minério de ferro era abundante, os preços eram estáveis e minerar a mercadoria era um negócio monótono e sem glamour.
Isso começou a mudar no começo dos anos 2000, quando as imensas necessidades de aço da China transformaram o minério de ferro no "ingrediente inacessível" do mercado mundial de commodities. Os preços começaram a disparar e, enquanto o faziam, o sistema anual de fixação de preços que serviu como referência ao mercado durante quatro décadas começou a ser questionado.
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O processo chegou a uma conclusão anteontem, quando as mineradoras e as siderúrgicas abandonaram o sistema de contratos anuais e longas negociações em vigor desde o começo dos anos 60 e o substituíram por novos acordos de curto prazo com base nos preços do mercado à vista.
Para Melinda Moore, analista de commodities do Credit Suisse em Londres, "o setor está revolucionando a maneira pela qual o preço do minério de ferro é determinado".
Esssa revolução surge enquanto cresce a importância econômica e geopolítica das commodities devido às necessidades de países como a China e outras nações em desenvolvimento na Ásia, no Oriente Médio e na América Latina.
A mudança não será, no entanto, um fenômeno novo nos mercados de commodities. O minério de ferro está simplesmente seguindo outros exemplos, como as transformações no modelo de preços do petróleo, no final dos anos 70; no do alumínio, no começo dos anos 80; e no do carvão térmico, no início dos anos 2000.
Todos esses mercados evoluíram de preços fixos ou fixados anualmente para contratos vinculados ao mercado à vista.
Em estágio posterior, as commodities também desenvolveram contratos de derivativos, com os consumidores e produtores fazendo hedge contra o risco de preços voláteis por meio de "swaps" de varejo e, posteriormente, contratos futuros.
Alberto Calderón, vice-presidente comercial da BHP Billiton em Melbourne, diz que o minério de ferro está se tornando uma commodity "normal".
"O sistema de preços está caminhando na mesma direção tomada por outras commodities no passado", disse ele ao "Financial Times".
A "normalização" surge em meio a um grande avanço no volume de minério de ferro comerciado internacionalmente.
O mercado da commodity transportada por via marítima quase dobrou, para mais de 900 milhões de toneladas, no ano passado, ante 450 milhões de toneladas em 2000. O fator mais importante é que a participação chinesa saltou para cerca de 70% desse total, ante 16% há uma década.
O forte crescimento resultou na criação de um mercado à vista relativamente grande, respondendo por pelo menos 10% do volume total de comércio, de acordo com estimativas conservadoras. Esse desdobramento se provou crucial para a mudança do sistema de determinação de preço, já que as mineradoras e as siderúrgicas passaram a poder definir os preços de contratos tendo o mercado à vista como referência. Mesmo assim, algumas siderúrgicas, especialmente na Europa, questionam se o mercado à vista reflete os fundamentos de oferta e procura. As mineradoras dizem que sim.
Sob o tradicional sistema de determinação de preços para o minério de ferro, o primeiro preço acertado entre uma mineradora e uma grande siderúrgica durante as negociações anuais se tornava uma referência que o restante do setor seguia por um ano.
O novo sistema de preços representa ruptura radical para com o velho modelo. Emprega contratos trimestrais, e não anuais, e o custo é estabelecido com base em uma média dos preços do mercado à vista, e não por meio de negociações.
Fonte: Folha de S.Paulo/ JAVIER BLASDO "FINANCIAL TIMES"