A patamar chegará os preços do aço no mercado internacional no início do próximo ano? Projeções de especialistas, em recentes relatórios, apontam US$ 550 a tonelada para a bobina a quente, um tipo de aço plano, laminado, que é um produto como referência do mercado siderúrgico.
Essa queda, atrelada ao desabamento do preço do minério de ferro no mercado spot chinês, já cotado na faixa de US$ 120 a tonelada, é tida como um freio para qualquer tentativa de aumento de preço para as siderúrgicas brasileiras neste ano. "Seria um tiro no pé", disse Carlos Loureiro, presidente do Inda, entidade que aglutina as empresas distribuidoras de aços plano no país.
A rede de distribuição desse tipo de aço responde por cerca de um terço das vendas internas e 83% desse mercado é movimentado pelas afiliadas do Inda. Entre essas empresas estão distribuidores independente e também coligadas das quatro grandes siderúrgicas do país - Usiminas, CSN, ArcelorMittal e o grupo Gerdau.
Loureiro explica que a diferença era de US$ 48 na quarta-feira entre preço trimestral (US$ 176 a toneladas) do minério no modelo de reajuste de contratos entre mineradoras e siderúrgicas e a cotação no mercado spot, de US$ 128. Isso resultaria em uma redução de US$ 77 no custo de produção da tonelada de aço (que tem consumo de 1,6 tonelada de minério).
Com isso, em vez de aproveitar a redução de custo na produção e ampliar margens de ganhos nas vendas, as siderúrgicas optam por manter participação de mercado, baixando os preços. Ninguém, com raras exceções e quando a situação é muito crítica, tem coragem de cortar produção.
A tonelada de bobina a quente da Ucrânia, por exemplo, já é negociada a US$ 620 a toneladas, e material chinês a US$ 635. Os preços vêm em queda contínua. "Há espaço para cair pelo menos 8% a 9%, com aço chinês indo a US$ 580", comentou o dirigente.
Loureiro, e outros distribuidores consultados, observam que qualquer aumento de preço no mercado doméstico até o fim do ano poderá aguçar o apetite dos importadores para trazer aço de fora. Vão aproveitar a queda de preço e o câmbio. O grande risco seria ver no primeiro trimestre de 2012, a partir de fevereiro, uma nova inundação de aço estrangeiro no mercado interno.
Outro fator que agrava essa situação é o cenário de incerteza decorrente dos problemas soberanos enfrentados por países da zona do euro na Europa, que tem a Grécia como o caso mais exemplar. Aliado a isso, há a desaceleração da China, maior produtor mundial de aço, que fez 56,7 milhões de toneladas em setembro. Hoje, o aço chinês já tem a maior presença no material plano que entra no Brasil.
De janeiro a setembro, o consumo aparente de aço [soma de vendas internas com importações] no mercado interno mostra uma retração da ordem de 13% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme dados divulgados esta semana pelo Inda.
Para a rede de distribuição, que fechou setembro com estoques de 2,7 meses de vendas [o correspondente a 1,05 milhão de toneladas], a meta é encerrar outubro e novembro em patamares de 2,5 a 2,6 meses [na faixa de 990 mil toneladas]. A estratégia visa entrar em 2012 com mais conforto. "A sabedoria será comprar melhor, ou seja, só aquilo que será possível vender", afirmou o empresário.
Em setembro, a rede comprou 330 mil toneladas das Usinas mais importação e vendeu 389 mil toneladas. Para outubro, a previsão era comprar menos - 317 mil -, mas as vendas também seriam um pouco menores.
Fonte: Valor Econômico/Ivo Ribeiro | De São Paulo
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