RIO - A Vale e a Mitsui estão ajustando as condições do acordo assinado em 2014 para a empresa japonesa se tornar sócia da mineradora brasileira no projeto de carvão em Moçambique, na África, segundo apurou o Valor. O que está sobre a mesa é “a reprecificação” do acordo, dada a mudança nas condições de mercado desde que a parceria foi anunciada, em dezembro de 2014.
Essas discussões não significam que a Mitsui desistiu do acordo. Os japoneses continuam interessados em fazer o investimento, mas as condições originais acertadas há mais de um ano podem passar por alguma mudança.
PUBLICIDADE
A Vale divulgou hoje nota ao mercado informando que a Mitsui não avalia rever o acordo sobre os ativos de carvão de Moçambique.
Na edição de ontem, o Valor informou que a Mitsui poderá rever os termos do acordo. Essa possibilidade surge como resultado da baixa contábil (impairment) de US$ 2,4 bilhões feita pela Vale nos ativos da empresa em Moçambique em 2015.
Na nota, a Vale informou que o impairment feito em 2015 “não afeta a decisão de investimento da Mitsui”. A reportagem frisou que o impairment “tende” a levar os japoneses a revisar pontos enquanto o acordo não está oficialmente concluído.
A decisão de investimentos da Mitsui em Moçambique não está em questão. O que está em jogo, conforme a visão de alguns analistas ouvidos pelo Valor, é a precificação do acordo com os japoneses, o que pode estar levando a uma demora além da esperada pela própria Vale para fechar a operação. A Vale frustrou os investidores ao adiar sucessivamente os prazos para fechamento da operação.
Na visão do mercado, uma possível mudança nas condições financeiras da operação pode fazer com que o aporte da Mitsui seja apenas um pouco menor que o previsto originalmente. O ponto em que pode haver uma mudança mais significativa é no valor do “project finance”, que pelos termos originais previa um montante de até US$ 2,7 bilhões. Alguns analistas consideram que esse valor dado por um grupo de bancos multilaterais liderados pelo japonês JBIC poderá ficar agora na casa dos US$ 2 bilhões.
Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes