Apesar do fraco resultado apresentado no segundo trimestre de 2010, quando registrou prejuízo de R$ 42 milhões e perda antes de juros, impostos, depreciação e amortização de R$ 208 mil (lajida negativo), a MMX Mineração e Metálicos, do empresário Eike Batista, tem planos ambiciosos para o futuro. Ele planeja fazer da mineradora "uma quase Vale" ou "miniVale", como disse ontem, em conferência telefônica da OGX, com potencial de produção de 130 milhões de toneladas anuais.
Para atingir esta meta, a MMX Sudeste, hoje com uma capacidade instalada de 8,7 milhões de toneladas nas minas de Ipê ( antiga Minerminas) e Tico Tico ( ex-AVG), sem falar da mina de BomSucesso, cujos recursos minerários ainda não foram avaliados, terá que expandir em 15 vezes a capacidade atual de produção de minério de ferro.
Para Roger Downey, presidente executivo da MMX, que concedeu entrevista ao Valor após o balanço, o projeto de Batista pode ser factível, desde que a companhia foque numa estratégia de consolidação das minas de Serra Azul, no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais.
Downey evitou dizer em quanto tempo o patamar planejado seria atingido. O plano de negócio da MMX, segundo informou, é chegar a produzir 46,1 milhões de toneladas de minério de ferro até 2015. Deste volume, 34 milhões de toneladas seriam produzidas pelas minas da MMX Sudeste, 2,1 milhões de toneladas por MMX Corumbá e 10 milhões de toneladas pelas minas do Chile.
Durante a conferência telefônica da OGX, Batista negou que esteja vendendo a MMX. "Estamos crescendo, agregando sócios para fazer dela uma mini Vale". E foi além: "Temos porto, estrada de ferro e minas grandes e precisamos agregar outras minas e sermos o consolidador na região ( Serra Azul)".
O Valor apurou que em Serra Azul existem hoje apenas três minas disponíveis para venda, todas propriedades familiares. São elas a Minerita, MBL e Comisa. Segundo uma fonte do setor de mineração, para a MMX produzir na região 130 milhões de toneladas, Batista teria que comprar não apenas estas minas, mas também as da Usiminas e a da Arcelor Mittal que ficam na região e agregar a produção de todas as suas minas e mais a mina de Bom Sucesso e a recém comprada GVA.
Downey, principal executivo da companhia, se mostrou otimista com a trajetória da MMX, apesar do resultado em vermelho no segundo trimestre. Ele atribuiu o prejuízo e o lajida negativo ao cancelamento do contrato de afretamento com a Kristen Marine. Ele destacou que o lajida ajustado da companhia já é positivo em R$ 54,7 milhões, pois a multa do contrato é um fato não recorrente.
A melhora na parte operacional da empresa, principalmente na MMX Sudeste, foi resultado do recorde na produção de minério no período, que somou 1,84 milhão de toneladas, crescendo 45% ante o mesmo período do ano passado, ressaltou o executivo. As vendas de minério, sendo 88% para o mercado interno, também foram recorde e alcançaram 1,83 milhão de toneladas, avançando 190% ante o mesmo período de 2009.
A dívida líquida da empresa recuou entre abril e junho para R$ 388,4 milhões, ante R$ 1,26 bilhão no segundo trimestre de 2009, conseguida com renegociação de prazo. O caixa da MMX é hoje de R$ 971 milhões. "A combinação desses resultados positivos é a evidência de que o negócio MMX vai bem e nosso recuperação está acontecendo", celebrou Downey, para quem a medida em que a companhia continuar produzindo e vendendo minério e tendo uma boa logística com os portos do Sudeste e Açu, o prejuízo será revertido.
Fonte: Valor Econômico/Vera Saavedra Durão e Francisco Góes, do Rio
PUBLICIDADE