A decisão da MMX, mineradora de Eike Batista, anunciada ontem em fato relevante, de dar férias coletivas por 30 dias aos empregados envolvidos na operação da mina de Serra Azul, em Minas Gerais, foi interpretada por fontes no mercado como uma tentativa da empresa de ganhar tempo. A MMX analisa vários cenários futuros e um deles é a recuperação judicial. A paralisação de Serra Azul, a partir de setembro, resulta de dois fatores: a queda nos preços do minério de ferro e restrições operacionais enfrentadas pela companhia.
Em fevereiro deste ano, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) embargou a lavra na área da mina "Tico-tico", em Serra Azul, por estar localizada em área próxima a cavidades de relevância ambiental, afirmou ontem a Semad. Em maio, após nova vistoria, também foi determinado embargo da Unidade de Tratamento de Minério (UTM) e de estrada próximas às cavidades, disse a Semad, em nota. Também houve aplicação de multas por descumprimento da legislação ambiental.
A MMX apresentou estudo técnico sobre o assunto que está em análise. A expectativa da MMX, segundo apurou o Valor, é que seja possível chegar a um acordo, eliminando as restrições impostas pela Semad. Desta forma, a empresa voltaria a ganhar maior escala de produção dentro da configuração atual do projeto de Serra Azul. Serra Azul tem capacidade de produzir cerca de 6 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Atualmente, com o preço à vista do minério de ferro no mercado chinês abaixo de US$ 100, e com as restrições ambientais da Semad, a MMX não tem como operar próximo de um ponto de equilíbrio. A empresa trabalha com situação apertada de caixa e, como resultado, depende de recursos de terceiros para continuar a funcionar.
A Semad informou que o embargo está vigente até que os estudos apresentados pela empresa para adequação de raio da área de proteção das cavernas sejam analisados pela secretaria e aprovados pelo Conselho Estadual de Política Ambiental de Minas Gerais (Copam), ainda sem data prevista.
No fato relevante, a MMX também afirmou que vai revisar seu atual plano de negócios para priorizar "iniciativas geradoras de caixa". Essas inciativas, segundo disse uma fonte, envolvem a venda ou arrendamento dos ativos detidos pela companhia: as minas na Serra Azul, em Minas Gerais, e a participação de 35% que a empresa tem no Porto Sudeste, em Itaguaí (RJ). Eike Batista visitou Serra Azul recentemente em companhia de um potencial investidor.
Propostas de negócios são analisadas pela MMX, mas nenhuma delas tem força de um compromisso definitivo entre as partes. O atual cenário de preços do minério dificulta o fechamento do negócio. Há dúvidas se a empresa poderia enfrentar dificuldades para transferir os direitos minerários que detém na Serra Azul, arrendados de outra companhia, para um possível comprador. Mas a fonte disse não ver problema para a transferência de titularidade.
Fonte: Valor Econômico\Francisco Góes | Do Rio
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