Ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil (BB) Aldemir Bendine será investigado pela força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba por suspeita de corrupção passiva. Ele teria solicitado e recebido R$ 3 milhões em propina da Odebrecht, segundo delações premiadas de executivos da empresa. O juiz federal Sergio Moro autorizou, na sexta-feira, a Polícia Federal (PF) a instaurar inquérito para investigar Bendine.
Os depoimentos dos executivos Marcelo Odebrecht e Fernando Ayres da Cunha Santos Reis sobre Aldemir Bendine prestados à Procuradoria-Geral da República (PGR) foram encaminhados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para a 13ª Vara Federal de Curitiba, pela conexão de fatos com o caso Petrobras.
PUBLICIDADE
Moro determinou que o inquérito tramite sob sigilo e que a PF dê acesso ao conteúdo da investigação aos advogados das partes quando tiver a intenção de tomar depoimentos, com o mínimo de cinco dias de antecedência.
Os delatores narram "suposta solicitação e pagamento de vantagem indevida a Aldemir Bendine na condição de presidente da Petrobras". Marcelo Odebrecht disse que, após solicitação de Bendine, "ofereceu, prometeu e pagou vantagem indevida no valor de R$ 3 milhões".
O valor da suposta propina teria alcançado 1% de contrato da Odebrecht Ambiental com o BB, para permitir a renegociação do débito.
Os delatores afirmam também que Aldemir Bendine apresentou-se como um "interlocutor da Presidente da República", demonstrando poder agir em busca de atenuar os avanços da Operação Lava-Jato. Um intermediário de Bendine, André Gustavo Vieira da Silva, teria insistido no pagamento, que teria sido feito em três parcelas de R$ 1 milhão, em dinheiro vivo, pela equipe de Hilberto Silva, do Setor de Operações Estruturadas, a divisão de propinas da Odebrecht.
Bendine presidiu o Banco do Brasil de abril de 2009 a fevereiro de 2015. No mesmo mês, o executivo assumiu a presidência da Petrobras, renunciando ao posto em maio do ano passado.
Fonte: Valor