O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reiterou, durante conferência em Londres, que o Brasil continuará a tomar medidas para manter o real desvalorizado, se necessário, a fim de manter a competitividade de seus produtos no mercado internacional. “Não permitiremos que o real se valorize. Não deixaremos haver perda de competitividade do Brasil”, afirmou a uma plateia de empresários e acadêmicos da High-Growth Markets Summit 2012, promovida pela The Economist.
É a segunda vez nesta semana que o ministro brasileiro reforça a uma plateia estrangeira que vai manter o real desvalorizado. Em evento para empresários em Paris, anteontem, Mantega deu o mesmo recado. E, ontem, em entrevista ao diário britânico Financial Times, voltou a dizer que o mundo vive uma guerra cambial diante dos programas de afrouxamento quantitativo anunciados pelos Estados Unidos, na semana passada, e pelo Japão, nesta semana.
O ministro aproveitou para rebater críticas sobre o protecionismo brasileiro. “O Brasil é chamado de protecionista. Isso não é correto. Não somos”, disse. “Argentina, Reino Unido, Estados Unidos e China o são”, comparou. “O Brasil é o segundo país que mais tomou medidas liberalizantes, depois da Rússia.”
Mantega afirmou ainda que o Brasil deve crescer 4,2% em 2013, enquanto países em desenvolvimento deverão ter uma expansão econômica menos intensa, ao redor de 3%. Ele justificou sua expectativa bem mais otimista para o Brasil mostrando vários slides aos participantes detalhando os investimentos previstos nos pacotes de rodovias e ferrovias já anunciados e em aeroportos e portos, que devem sair em outubro. “Um crescimento de 4,2% no PIB do Brasil em 2013 é realista”, sustentou.
O ministro comentou ainda, que o Brasil tem fundamentos fiscais e legais sólidos e comparou as diferenças nas estimativas de déficit fiscal para o país em 2013, de 1,9%, e para o Reino Unido (8,1%) e a França (4,5%). Também disse acreditar que o protecionismo não é a melhor resposta para a crise mundial e disse que o problema dessa fase atual da crise é a falta de confiança nos países, problema que, segundo ele, não afeta o Brasil.
“O Brasil será capaz de continuar a atrair investimento estrangeiro, sinal de confiança no país”, notou, citando que em 2011 os estrangeiros aplicaram US$ 67 bilhões em projetos no Brasil.
Mantega está na Europa desde o início da semana. Anteontem, reuniu-se com empresários franceses e com o ministro de Finanças da França, Pierre Moscovici, em Paris.
Ainda na agenda desta sexta-feira, ele deve ter encontro com o ministro de Finanças britânico, George Osborne.
Fonte: Valor / Patricia Eloy
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