A primeira rodada de negociação entre o Brasil e a Argentina, em 2010, terminou sem um acordo imediato sobre o fim das barreiras comerciais entre os dois países. Segundo explicou o secretário Executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ivan Ramalho, o governo brasileiro pediu ao parceiro que tenha como objetivo a retomada do crescimento do comércio exterior entre os dois países, durante 2010. "Eu pedi que tenhamos isso sempre em mente", disse Ramalho, considerando que a retomada será possível devido aos números do fluxo comercial bilateral em janeiro, que aumentou 50%, comparado com igual mês de 2008.
Mas a resposta da Argentina não estabelece prazos nem volumes para a liberação das barreiras que atingem quase 700 artigos. "Nos comprometemos a analisar quais são os produtos que podem sair do sistema de licenciamento não automático e quais os que devem continuar", afirmou o secretário argentino de Indústria, Eduardo Bianchi, durante entrevista coletiva à imprensa, concedida após as reuniões da Comissão de Monitoramento do Comércio Bilateral, realizadas nesta quinta-feira, em Buenos Aires. Apesar da falta de medidas concretas por parte da Argentina para desarmar as barreiras, Ramalho considerou que "houve uma melhora bastante grande no quadro, desde a última reunião que tivemos no ano passado, em novembro". Segundo ele, os prazos das licenças, que chegavam a demorar mais de quatro meses, estão acelerados. Pelas normas da Organização Mundial de Comércio (OMC), o prazo máximo é de 60 dias. Contudo, o Brasil foi claro em sua mensagem: "O Brasil tem todo interesse na redução das licenças, mas isso tem que ser feito na base da reciprocidade", disse o secretário de Comércio Exterior do MDIC, Welber Barral. Foi ele também que deu o recado sobre o desagrado do governo brasileiro em relação aos acordos entre privados, que limitam as exportações do Brasil para o mercado vizinho. "Os dois países têm setores sensíveis, mas estes acordos têm efeitos negativos na produção e temos uma reação muito negativa dos nossos setores privados", explicou Barral.
Os negociadores brasileiros e argentinos mostraram otimismo em relação aos próximos meses para intercâmbio bilateral. Bianchi, por exemplo, opinou que 2010 será um ano importante para a relação entre os dois países. "Somos otimistas sobre o que vai significar esse ano para o comercio bilateral e estamos trabalhando intensamente para solucionar os inconvenientes que surgiram", disse ele, referindo-se às licenças não automáticas e outras barreiras burocráticas que afetaram 14% da pauta exportadora do Brasil para a Argentina.
"Chegamos à conclusão de que precisamos nos esforçarmos para reduzir qualquer problema no comércio bilateral", disse Ramalho, lembrando que o fluxo comercial de 2008, que chegou a quase US$ 31 bilhões, caiu para US$ 24 bilhões em 2009. No entanto, ele considerou que as cifras de janeiro são motivo de comemoração.
"Tivemos um crescimento extraordinário e, de fato, existe uma possibilidade muito grande de que o Brasil e Argentina voltem a ter um crescimento expressivo na corrente de comércio", disse ele. Barral, por sua vez, informou que os dois sócios vão trabalhar em conjunto para analisar os motivos que os levaram a perder mercado em alguns países da América do Sul, como no Chile, Peru e Colômbia. Algumas das hipóteses são de que o desvio do comércio esteja ocorrendo por causa dos acordos de livre comércio que estes países possuem com os Estados Unidos. "Um fator de tensão (entre Argentina e Brasil em 2009) foi a queda de nossa presença em outros mercados e discutimos sobre as ações que podemos ter para superar esse problema", disse Barral. Para completar, Barral projetou um ano de melhor relação e comércio com a Argentina, especialmente porque a economia brasileira espera um crescimento de 5%, aumentando assim a demanda de produtos argentinos. "Esperamos uma relação de paz e amor com a Argentina", concluiu. (Fonte: Jornal do Commercio/RS)
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