O fundo soberano da Noruega, o maior do mundo e sustentado com petrodólares, vai vender suas participações as empresas de petróleo para reduzir a exposição do país escandinavo ao combustível, anunciou o governo norueguês nesta sexta-feira (8).
A decisão foi determinada por razões econômicas e não ambientais, mas a saída de um investidor avaliado em mais de um trilhão de dólares pode ser interpretada como um duro golpe contra as energias fósseis poluentes.
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"O governo está propondo excluir empresas classificadas como exploradoras e produtoras do setor de energia do fundo para reduzir o risco agregado do preço do petróleo na economia norueguesa", disse o Ministério da Fazenda em comunicado.
O fundo possui participações em empresas como Shell, BP, Total e ExxonMobil.
"As empresas de exploração e produção serão progressivamente retiradas do fundo ao longo do tempo", disse a proposta do governo, sem dar um cronograma.
Segundo a agência Reuters, o governo indicou que ainda investirá em empresas de energia que tenham refinarias e outras atividades de distribuição.
A decisão, que afeta as empresas de exploração e de produção de petróleo, foi tomada após uma recomendação neste sentido do Banco Central da Noruega.
A instituição, responsável por administrar o "fundo petroleiro", provocou uma grande polêmica em novembro de 2017 ao promover uma saída dos valores oriundos do petróleo para reduzir a exposição das finanças públicas a uma queda considerável dos preços como a ocorrida em 2014.
A Noruega é o maior produtor de petróleo da Europa ocidental. O petróleo e o gás natural representam quase metade das exportações e 20% do faturamento do Estado, que enriquecem o fundo soberano, ao qual Oslo recorre para financiar seu orçamento, destaca a agência France Presse.
Para limitar a vulnerabilidade do Estado, o Banco Central defendia o fim da destinação de parte deste dinheiro a títulos relacionados ao petróleo, como foi decidido nesta sexta-feira.
As ações de energia representaram 5,9% dos investimentos do fundo no final de 2018, valendo cerca de U$$ 37 bilhões de dólares, mostraram dados do fundo.
Para as organizações ecológicas e ativistas da luta contra a mudança climática, no entanto, o anúncio representa uma vitória incontestável, em um momento no qual muitos países parecem pouco envolvidos para cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris.
"Se isto acontecer no Parlamento vai provocar uma onda expansiva, dando o maior golpe até agora na ilusão de que o setor de energias fósseis ainda tem décadas de atividade pela frente, como se nada tivesse acontecido", afirmou Yossi Cadan, diretor da ONG 350.org.
"A decisão deve ser recebida como um alerta vermelho para os bancos privados e os investidores, cujos ativos petroleiros e de gás são cada vez mais arriscados e, moralmente, insustentáveis", completou em um comunicado.
Com os valores em jogo, a retirada deve levar muito tempo, mas estabelecerá um antes e um depois: os investimentos do fundo norueguês são estudados de perto pelos outros investidores.
No passado, o fundo já decidiu abandonar o setor do carvão, tanto por razões financeiras como ambientais.
Fonte: G1