O BNDES, na nova conformação da política econômica, terá um papel bastante distinto daquele desempenhado nos últimos anos, quando foi o principal banco financiador de projetos de longo prazo a juros subsidiados. A equipe do Ministério da Fazenda definiu que caberá mais ao banco, a partir de agora, a função de "originador" de operações.
Isso significa que o BNDES entrará com uma pequena fatia do financiamento a um projeto, dando um "selo de qualidade" ao investimento e ajudando as empresas envolvidas a emitir debêntures. Nesse formato, em vez de substituir o mercado de capitais do país, o banco estatal estará ajudando a desenvolvê-lo.
Encerra-se, assim, o ciclo de expansão da instituição federal apoiada em recursos do Tesouro Nacional. O total das captações junto à União soma, hoje, R$ 455,5 bilhões. Desses, R$ 440 bilhões foram repasses feitos a partir da crise financeira internacional de 2008/2009. Desde então, o BNDES passou a operar com uma espécie de "conta movimento" no Tesouro, destinada a financiar investimentos privados a juros fortemente subsidiados.
Em 2008, os desembolsos totalizavam R$ 92,2 bilhões. Em 2013, mais do que dobraram, atingindo R$ 190,4 bilhões. No ano passado, tiveram um pequeno recuo, para R$ 187,8 bilhões. Mesmo assim, a taxa de investimento no país caiu do ápice de 20,2% do PIB em 2010 para cerca de 17% no ano passado.
Segundo fontes oficiais, o BNDES não tem necessidade de novos aportes de recursos do Tesouro Nacional para cumprir os desembolsos deste ano. Os últimos R$ 30 bilhões, repassados em 2014, são suficientes para a instituição operar neste exercício.
Na segunda feira, em reunião na Anbima, associação que representa as instituições financeiras, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, falou em "parceria" com o mercado para desonerar o BNDES e referiu-se ao novo formato que deverá ter o banco.
Fonte: Valor Econômico/Claudia Safatle | De Brasília
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