O crescimento dos países emergentes pode desacelerar ainda mais, reduzindo a demanda por exportações tanto nas nações em desenvolvimento como nas desenvolvidas, alerta a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Em relatório para o G-20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, a entidade estima que a produção e o comércio mundial devem continuar a ter recuperação em 2015, porém num ritmo mais lento e com mais volatilidade do que previsto antes.
A OMC destaca que os EUA têm recuperação robusta, enquanto a zona do euro continua estagnada. Entre os emergentes, diz que a atividade na China melhorou, mas que a "recessão se aprofundou" no Brasil no segundo trimestre.
Conforme a entidade, a desaceleração observada nos emergentes e a recuperação desequilibrada nos desenvolvidos já produziram uma "mudança notável" na demanda global de importações.
Desde o quarto trimestre de 2013, a contribuição das economias desenvolvidas para o crescimento nominal nas importações globais de mercadorias tem sido maior do que a dos países em desenvolvimento, pela primeira vez desde 2011.
As importações de economias desenvolvidas cresceram 2,6% no primeiro semestre, enquanto as dos emergentes só aumentaram 0,5%. A importação mais fraca afetou as exportações, que cresceram 1,6% nos desenvolvidos e 2,1% nos países em desenvolvimento.
Um "decepcionante" comércio internacional no primeiro semestre já fez a OMC baixar suas projeções de crescimento de 4,7% em 2014 e 5,3% no ano que vem, em volume, para 3,1% e 4% em 2015.
A OMC diz que, mesmo após essa rebaixa, os riscos aumentaram. Mudanças "inesperadas" na política monetária em países desenvolvidos, como alta de juros nos EUA e mais liquidez na Europa, podem produzir "forte flutuação" nas taxas de câmbio, "atiçar" instabilidade financeira em alguns países nos próximos meses e ter efeito real no fluxo global de comércio.
Além disso, o vírus ebola deve ter impacto negativo nas economias da África Ocidental, incluindo a Nigéria, e os custos podem aumentar rapidamente se a doença se propagar para outras regiões.
A OMC rejeita, por outro lado, "especulações" de que as fricções comerciais com a Rússia têm sido a principal causa da baixa das exportações da União Europeia (UE). Mostra que as exportações para o mercado russo só representam 6,5% do comércio de mercadorias europeu fora do bloco comunitário. E que a tensão política com Moscou só resultou em perda de 0,8% desse comércio fora do bloco.
Fonte: Valor Econômico/Assis Moreira | De Genebra
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