Em vez disso, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (chamado de Opep+) vão se reunir pela internet para entender de que forma o coronavírus frustrou seus melhores esforços para manter o preço da commodity em alta.
Depois de conseguir elevar os preços do petróleo com cortes na produção, o grupo se depara com os efeitos nocivos da pandemia: os preços do barril estagnaram e a demanda de combustível está em queda.
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A cotação do Brent, referência internacional, caiu para menos de US$ 40 o barril na semana passada, pela primeira vez desde junho.
Na próxima quinta-feira, a Arábia Saudita e a Rússia, os principais membros da aliança, farão reunião para avaliar se os cortes de produção, que começaram a ser reduzidos em agosto, ainda terão impacto no preço.
No mês passado o corte de produção dos países membros foi reduzido de 9,7 milhões de barris por dia para 7,7 milhões diários.
- Havia algumas previsões importantes sobre onde a demanda e a recuperação estariam agora, e isso simplesmente não aconteceu. Se eu fosse a Opep ou a Arábia Saudita, ficaria preocupado - disse Mohammad Darwazah, analista da empresa de pesquisa Medley Global Advisors LLC.
O preço é ponto central para os membros da Opep, como países mais pobres do cartel, como Nigéria e Venezuela. Essas nações precisam de preços do petróleo muito acima dos níveis atuais para cobrir os gastos do governo, lista que inclui até o Kuwait.
Apesar da temporada de férias já ter chegado ao fim dos EUA, os estoques de petróleo ainda estão altos. Na Índia, o terceiro maior consumidor do mundo, as vendas de combustível para transporte permaneceram 20% abaixo dos níveis do ano passado. Na China, as refinarias ainda não retomaram as compras de petróleo.
Em guerra civil, a Líbia está isenta hoje dos cortes de produção, mas pretende retomar as exportações de petróleo em breve, de acordo com autoridades americanas. A produção do país do Norte da África caiu para menos de 100 mil barris por dia. Era 1,1 milhão de barris diários no final do ano passado.
Mas a desaceleração ainda não é severa o suficiente para que a OPEP+ imponha novos cortes na produção de seus membros como o feito no segundo trimestre, avalia Helima Croft, chefe de estratégia de commodities da RBC Capital Markets.
- Para os homens que residem nos palácios e nos corredores presidenciais, há um preço a partir do qual eles fazem uma ligação. A questão é: qual é o preço? - disse Croft.
Em teoria, a tarefa da Opep+ deve ficar mais fácil no próximo trimestre com o aumento da demanda por combustíveis no inverno. Além disso, há a expectativa de que a economia global se recupere gradualmente, mostram dados da Agência Internacional de Energia em Paris.
Mas, sem um sinal claro, os sauditas podem tomar sua decisão. - Esperamos uma declaração forte de que, se os mercados continuarem a enfraquecer, o grupo de produtores estará preparado para cortar ainda mais a produção - disse Ed Morse, chefe de pesquisa de commodities do Citigroup.
Os membros da Opep vem violando as metas de corte de produção. Iraque e Nigéria implementaram até agora apenas uma fração dos cortes. Agora, a Árabia Saudita enfrenta novo desafio: os Emirados Árabes Unidos admitiu que violou seus limites em cerca de 20%, ao mesmo tempo que prometeu corrigir o erro.
Dados de exportação de consultores como a Petro-Logistics SA e Kpler SAS indicam que o número pode ser muito maior.
Mas os sauditas provavelmente tentarão resolver discretamente todo esse imbróglio.
- O verdadeiro desafio é se a Opepo é ágil o suficiente? Quão rápido eles podem reagir? - questionou Helima Croft, RBC Capital Markets.
Fonte: O Globo