A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) deve considerar, na quarta-feira, seu maior corte de produção desde o início da pandemia para ajudar a limitar a queda dos preços do petróleo, uma medida que pode pressionar o crescimento econômico global.
O cartel e aliados, liderados pela Rússia, estão avaliando uma redução de mais de 1 milhão de barris por dia, disseram delegados do grupo.
Preocupações com a desaceleração da economia global arrastaram os preços do petróleo para baixo em seu ritmo mais rápido desde que a pandemia de covid-19 começou no início de 2020, levando a Opep+ a considerar maneiras de sustentar o preço da commodity. Qualquer movimento do cartel para aumentar os preços do petróleo pode pressionar ainda mais os consumidores ocidentais já prejudicados pelos altos custos de energia, além de ajudar a Rússia - um dos maiores produtores de energia do mundo - a encher seus cofres estatais enquanto trava guerra contra a Ucrânia.
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A queda dos preços do petróleo costuma ser uma válvula de liberação de pressão para a economia global, reduzindo custos à medida que a demanda cai em um ciclo que se repete.
A Opep+ muitas vezes se apresenta como um regulador do mercado de petróleo, com o objetivo de manter a oferta e a demanda equilibradas, mas um corte na produção apoiaria os preços ao mesmo tempo em que estão em níveis historicamente altos. Como a decisão final será muito debatida, o grupo decidiu se reunir pessoalmente em Viena na quarta-feira pela primeira vez desde o início da pandemia, disseram os delegados.
Outras opções que estão sendo consideradas incluem uma redução menor de 500 mil barris por dia ou até 1,5 milhão de barris por dia, disseram os delegados.
Os ministérios de energia da Rússia e da Arábia Saudita não responderam imediatamente aos pedidos de comentários. A opção de cortar mais de 1 milhão de barris por dia é apoiada pela Rússia, o maior parceiro não-Opep do grupo. Mas o maior exportador do cartel, a Arábia Saudita, tem algumas reservas sobre o tamanho do corte, disseram os delegados.
Os EUA pediram à Opep+ para bombear mais petróleo para ajudar a reduzir o preço da gasolina. O cartel e aliados aceleraram alguns cortes de produção durante o verão antes da visita do presidente Biden à Arábia Saudita e fez um pequeno aumento em agosto, mas desde então tem trabalhado para reverter esses movimentos. A Opep+ concordou no mês passado em reduzir a produção de petróleo pela primeira vez em mais de um ano, dizendo que cortaria cerca de 100 mil barris por dia em meio a temores de uma recessão global. A medida encerrou uma período de 18 meses de aumentos de produção. O grupo trouxe lentamente o petróleo de volta ao mercado após um corte acentuado durante a pandemia, quando a demanda caiu.
O preço do Brent, referência global do petróleo, caiu 23% neste trimestre, caindo para US$ 87,96 o barril na semana passada, em meio ao declínio mais rápido desde 2020.
Os sauditas adotaram uma política mais agressiva este ano, já que os preços do petróleo subiram durante a guerra na Ucrânia. Os preços mais altos do petróleo ajudaram a Arábia Saudita a se tornar uma das economias de crescimento mais rápido do mundo este ano, fornecendo uma injeção de dinheiro para uma reforma econômica lançada pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, o governante de fato do reino. De certa forma, um corte da Opep+ não fará muita diferença significativa no mercado diário de petróleo. O grupo está abaixo de suas metas em mais de 3 milhões de barris por dia durante grande parte do ano, com a produção russa caindo e grandes produtores como Nigéria e Angola lutando para investir o suficiente para aumentar a produção.
Fonte: Valor