A Opep e os países aliados concordaram neste sábado em estender um corte de produção de quase 10 milhões de barris de petróleo por dia até o final de julho, cerca de 10% da oferta global. A ideia é incentivar a estabilidade nos mercados de energia, afetados pela crise causada pela pandemia de covid-19.
Ministros do cartel e de nações externas lideradas pela Rússia se reuniram por meio de videoconferência para adotar a medida, com o objetivo de reduzir o excesso de produção.
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A Nigéria e o Iraque, que em maio reduziram a produção em apenas metade de seus compromissos, também compensarão sua reserva de reduções, com cortes mais profundos nos próximos três meses, segundo o ministro do petróleo da Nigéria, Timipre Sylva.
Os delegados na reunião da Opep, no entanto, estavam céticos de que os dois países respeitariam o novo acordo, porque precisam da produção para apoiar suas economias frágeis.
O ministro do petróleo da Argélia, Mohamed Arkab, atual presidente da Opep, alertou os participantes da reunião que o estoque global de petróleo chegaria a 1,5 bilhão de barris até o meio deste ano. "Apesar do progresso até o momento, não podemos dar ao luxo de descansar sobre os louros", disse Arkab. "Os desafios que enfrentamos permanecem assustadores."
Essa foi uma mensagem ecoada também pelo ministro do petróleo saudita, Abdulaziz bin Salman, que reconheceu que "todos nós fizemos sacrifícios para chegar onde estamos hoje". Ele disse que ficou chocado em abril, quando os futuros de petróleo dos EUA caíram abaixo de zero. "Há sinais encorajadores de que estamos superando o pior", disse.
O ministro da Energia da Rússia, Alexander Novak, chamou similarmente abril de "o pior mês da história" para o mercado global de petróleo.
A Opep tem 13 estados membros e é amplamente dominada pela Arábia Saudita, rica em petróleo. Os países adicionais envolvidos no chamado acordo Opep+ foram liderados pela Rússia. Os preços do petróleo vêm subindo nos últimos dias, em parte com a esperança de que a Opep continue o corte na produção de petróleo.
Na última sexta-feira, os contratos futuros do Brent para agosto, a referência mundial de preços, subiram 5,8%, para US$ 42,30 por barril, atingindo seu nível mais alto desde o início de março. Já o West Texas Intermediate (WTI) para julho, o benchmark bruto dos EUA, subiu 5,7%, para US$ 39,55 por barril.
Fonte: Valor