Depois de ficar próxima aos 3 milhões de barris por dia (barris/dia) desde meados de 2019, a produção de petróleo no Brasil deve ultrapassar essa barreira e voltar a crescer até o fim do ano, segundo um estudo da consultoria S&P Global Commodity Insights.
Nos últimos meses, mesmo com a entrada em operação de novos projetos, a necessidade de manutenção em diversas plataformas do pré-sal, somadas ao declínio natural da produção em áreas mais antigas, tem afetado o crescimento da produção total do país.
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A Petrobras fez 22 paradas programadas em plataformas nos seis primeiros meses deste ano, informou na sexta-feira o diretor de exploração e produção da companhia, Fernando Borges. Para a segunda metade do ano, estão previstas 28 paradas. O alto número de manutenções este ano se explica pelos adiamentos que ocorreram em 2020 e 2021 pelo distanciamento social necessário para combater a pandemia. Entretanto, nos próximos cinco meses, a produção deve ser impulsionada pelo aumento da extração em novas plataformas que entraram em operação no pré-sal, diz a S&P Global.
Em geral, a produção total de um país se altera na medida em que novos campos entram em operação para compensar a queda de áreas maduras, afirma o diretor-executivo de mercados globais de petróleo bruto da consultoria, Ha Nguyen. “Essa relação é muito notável no Brasil, onde os históricos campos maduros pós-sal têm mostrado declínios significativos”, diz.
Nguyen ressalta ainda que, apesar de não terem ocorrido grandes alterações na extração total do Brasil nos últimos anos, a composição da produção mudou. “A produção do pré-sal no primeiro trimestre de 2019 representou 58% da produção, enquanto no primeiro trimestre de 2022 foi de 76%”, aponta.
Mesmo com as paradas programadas para o segundo semestre, a extração nacional deve crescer. Há, por exemplo, a retomada da produção no campo de Peregrino, operado pela Equinor, na Bacia de Campos. A área esteve sem produzir desde abril de 2020, devido a uma parada para a implantação de projetos para melhoria da operação e redução das emissões. Além disso, no pré-sal é esperado um aumento da extração nos campos de Sépia, Sépia Leste, Atapu, Mero, e Sudoeste de Sapinhoá.
Há, entretanto, alguns riscos para o crescimento da extração brasileira, segundo o analista sênior da S&P, Nick Blanco. Entre eles, estão os possíveis atrasos na entrada em operação das plataformas que estão sendo construídas na China, devido aos “lockdowns” naquele país, além da redução da demanda chinesa pelas exportações brasileiras. “A redução da procura chinesa para as classes brasileiras é um problema potencial, mas isto pode ser compensado pelas exportações para a Europa e Estados Unidos”, afirma o analista.
Fonte: Valor