A retração das exportações de commodities à China foi insuficiente para reverter a crescente dependência do Brasil em relação ao mercado chinês. Das vendas de soja do Brasil, entre janeiro e agosto, de US$ 15,6 bilhões, mais de 70% foram para os chineses, que também absorveram um quinto do petróleo exportado e pouco menos da metade do minério de ferro. O superávit do Brasil no comércio com a China equivale a mais da metade de todo o saldo comercial brasileiro no período, de US$ 13,17 bilhões.
As exportações de minério de ferro para a China cresceram de forma ininterrupta de 2000 a 2009, quando chegaram a representar 53% do total exportado. Desde então, a parcela chinesa caiu, mas ainda tem oscilado acima de 46%.
No caso do petróleo, a decisão do governo dos EUA de buscar fora do Oriente Médio fontes mais confiáveis de abastecimento fez com que os americanos assumissem um papel mais relevante nesse comércio com o Brasil. Com isso, a China passou a absorver quantidades menores. Apesar disso, o país asiático ainda tem participação expressiva: de janeiro a agosto, comprou US$ 2,9 bilhões em petróleo, pouco mais de 20% das exportações brasileiras dessa matéria-prima.
"Não convém a nenhum país a concentração elevada das vendas a um único parceiro", afirma a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres. Mas ela não considera "especialmente preocupante" o peso chinês sobre a pauta brasileira e diz que o governo tenta buscar mercados para produtos diferentes das commodities que dominam a pauta comercial. Em novembro, uma missão possivelmente chefiada pelo ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, irá à China com 30 empresários para buscar compradores de carnes, vinhos, café e alimentos processados. "Nosso maior desafio não é desconcentrar nossas exportações em relação à China, mas diversificar a pauta com os chineses", afirma.
Fonte: Valor Econômico / Sergio Leo
PUBLICIDADE