Os indicadores de importação medidos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) devem crescer mais que os índices de exportação em 2012, de acordo com a entidade. O coeficiente de exportações, que mede a participação das vendas externas no valor da produção, passou de 17,8% para 19,8% entre 2010 e 2011, segundo a CNI. Os percentuais são os mesmos registrados pelo indicador que mede a participação das importações na demanda doméstica de produtos industriais. Entre 2001 e 2007, no entanto, o índice de exportações superava com folga o de importações, segundo a confederação.
A CNI destaca ainda que essa “coincidência” se deve ao desempenho da indústria extrativa, exportadora de produtos básicos. Quando se considera apenas a indústria de transformação, há um aumento menor no coeficiente de exportações, de 13,9% para 15%, na mesma comparação. Já o índice de penetração de importações cresceu de 16,6% para 18,5% no mesmo período.
Outro resultado ruim para a indústria de transformação, segundo a CNI, é o índice de exportações líquidas, que corresponde a aproximadamente o saldo comercial do setor. Esse indicador cresceu de 8,1% em 2010 para 9% em 2011, também puxado pela indústria extrativa. Na indústria de transformação, caiu de 3,4% para 3% no mesmo período e alcançou o menor valor da série iniciada em 1997.
“Essa tendência nos leva a esperar um crescimento mais intenso dos coeficientes de importação do que de exportação. Se nada for feito para aumentar a competitividade dos produtos brasileiros, creio que o quadro tenda a se agravar”, disse o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. “Com esse quadro se repetindo, vamos ter um baixo crescimento da produção e, como consequência, da economia em 2012.”
O nível recorde de importações - praticamente um em cada cinco produtos industriais consumidos no Brasil em 2011 foi importado – medido pela CNI considera tanto o consumo final das pessoas quanto o de insumos pela indústria. Dos 27 setores industriais analisados, 21 registraram elevação no coeficiente de 2011 frente a 2010. Os segmentos com maior crescimento foram ópticos, informática e eletrônicos - sobretudo equipamentos de comunicação, como celulares -, derivados de petróleo e biocombustíveis.
A participação de insumos importados na indústria brasileira - matérias-primas, máquinas e equipamentos - também bateu recorde, com 21,7% em 2011. O valor foi 2,6 pontos percentuais maior que em 2010 e 0,4 ponto percentual acima do registrado em 2008, ano do recorde anterior da série. Para 24 dos 27 setores analisados, houve aumento nesse coeficiente. Os segmentos de informática, eletrônicos e ópticos foram também os que tiveram a maior alta de consumo de importados na produção - 17,8 pontos percentuais -, alcançando 76,7% do total de insumos usados no ano passado. Castelo Branco atribuiu o recorde no coeficiente de penetração das importações à valorização cambial, ao consumo interno, aos incentivos do ICMS, às importações e aos chamados custos sistêmicos, como a elevada carga tributária, a infraestrutura deficiente e os juros altos.
Na indústria de transformação, segmento que concentra maior inovação tecnológica e valor agregado e melhor remuneração de mão de obra, o coeficiente de exportação cresceu 1,1 ponto percentual em relação a 2010, atingindo 15% no ano passado. Os segmentos que tiveram melhor evolução na proporção das vendas externas no valor da produção foram metalurgia, máquinas e equipamentos e têxteis.
Fonte: Jornal do Commercio (RS)
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