CARACAS - A companhia estatal de petróleo da Venezuela PDVSA não foi paga diretamente por quase metade do óleo cru que produziu no ano passado devido a acordos preferenciais com países aliados, colocando mais pressão sobre suas finanças em meio ao declínio de preços e pesados subsídios locais.
A Reuters analisou dados publicados no mês passado pela PDVSA, o motor fiscal da política socialista do presidente Hugo Chavez, que mostra que a empresa não recebeu diretamente pagamentos de 43 por cento de seus barris de petróleo e derivados em 2011. Isto levou a atrasos de pagamentos de fornecedores e colocou parte dos planos de investimento em espera.
Isto provavelmente está adicionando pressão sobre grandes empresas estrangeiras como a norte-americana Chevron, a espanhola Repsol e a italiana Eni, que têm parceria com a PDVSA para desenvolver as enormes reservas de óleo extra-pesado, no Orinoco, Venezuela.
A dívida da PDVSA saltou 40 por cento, para aproximadamente 35 bilhões de dólares no ano passado -débitos com fornecedores atingiram o recorde de 12,4 bilhões de dólares- no momento em que a empresa estava dobrando suas contribuições ao governo de Chavez para quase 50 bilhões de dólares.
Tudo isso acontece em meio à queda dos preços do petróleo, que estão aumentando a pressão sobre o peculiar modelo de financiamento da PDVSA.
"O problema não é 2012. O que vai dificultar será 2013", disse Roger Tissot, especialista em energia do Instituto das Américas da Universidade da Califórnia. "Se os preços caírem abaixo de 90 dólares, a situação fiscal da Venezuela se tornará muito complicada", completou ele.
No centro dos mais recentes problemas da PDVSA, cresce o número de acordos controversos de exportação a fim de fornecer petróleo em condições preferenciais, incluindo troca de combustível por alimentos e outros produtos, bem como as políticas governamentais sobre os preços domésticos.
A proporção de petróleo venezuelano e derivados que não foi paga em dinheiro subiu de 32 por cento em 2009 para 36,5 por cento em 2010, antes de atingir o nível recorde do ano passado.
Chávez, que é candidato à reeleição em outubro, apesar de sofrer de câncer, tem elevado sua influência no exterior, oferecendo petróleo em troca de crédito e outros bens e serviços para nações da Ásia, América Latina e do Caribe.
Fonte:MARIANNA PARRAGA E DANIEL WALLIS - REUTERS
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