150 bilhões de reais foram autorizados a serem movimentados na oferta da Petrobras, o que secou o apetite por novas ações
A oferta de ações para capitalização da Petrobras será dia 24 deste mês. A empresa pode arrecadar até R$ 130 bi
São Paulo. Começa hoje o prazo para os interessados reservarem ações da Petrobras no processo de capitalização. Os investidores prioritários têm até dia 16 para manifestar interesse de subscrever mais papéis. Quem ainda não é acionista da estatal tem até o dia 22 para fazer a reserva. A solicitação deve ser feita por meio de corretora de valores ou pela administradora do fundo (no caso dos trabalhadores que poderão reaplicar o FGTS e para os novos investidores que, em vez de investir diretamente em ações, optarem por cotas de fundos). Para quem já é acionista, não há limite mínimo nem máximo de investimento. Há somente o limite de compra de 34% do valor que já possui em ações. Ou seja, se o minoritário tem R$ 100 mil em Petrobras, ele poderá comprar (ou subscrever) mais R$ 34 mil em novos papéis.
No momento da reserva dos novos papéis, no entanto, o investidor prioritário já deverá especificar quanto está disposto a gastar - uma vez que o preço do papel da capitalização só será conhecido dia 24 deste mês. Os trabalhadores que compraram cotas de fundos com FGTS em 2000 e continuaram com o investimento até 30 de junho poderão aplicar, no máximo, 30% do total da conta vinculada ao FGTS. Quem ainda não é acionista da estatal poderá investir no mínimo R$ 1 mil e no máximo R$ 300 mil no momento da capitalização. Determinar na hora da reserva o quanto está disposto a pagar também é regra para esse grupo. Há também a possibilidade de entrar na capitalização por meio dos Fundos de Investimento em Ações da Petrobras (FIA-Petrobras), com aporte mínimo de R$ 200 e máximo de R$ 300 mil.
Nessa parte do processo de capitalização, chamada de "oferta ao varejo", qualquer interessado poderá participar, mas tem prioridade de compra quem é funcionário da Petrobras.
A efetivação total das reservas da oferta ao varejo vai depender da quantidade de ações disponíveis, uma vez que essa oferta será composta pela sobra de papéis da oferta aos investidores prioritários.
Com a capitalização da Petrobras encaminhada, algumas empresas começam a "desengavetar" projetos de levantar recursos no mercado com venda de ações. A primeira foi a imobiliária Lopes. Foi o primeiro, desde abril, feito por empresa fora dos setores bancário e de petróleo.
Dependendo do sucesso da Petrobras, empresas de consumo, agronegócio e infraestrutura lançarão ações, segundo os bancos. Com autorização para movimentar até R$ 150 bilhões, a oferta da Petrobras secou o apetite por novas ações.
Desde a oferta do frigorífico JBS, em abril, praticamente não ocorrem mais vendas de ações no País. Só saíram as ofertas da Renova, que era pequena (R$ 150 milhões), e do Banco do Brasil, que levantou R$ 9,76 bilhões. Na esteira da Petrobras, porém, outras empresas de petróleo e gás planejam obter recursos do mercado. Na CVM, estão em análise os IPOs (oferta inicial de ações) da espanhola Repsol e da australiana Karoon, ao mesmo tempo concorrentes e parceiras da Petrobras. Há ainda a HTR Participações, empresa formada por engenheiros e geocientistas que trabalharam na Petrobras e formaram a empresa independente para explorar petróleo e gás.
Na maior oferta de ações do mundo, ninguém pode falar absolutamente nada. A chamada "lei do silêncio", que vigora 60 dias antes de pedidos de oferta de ações como o da Petrobras, impede que todos os participantes da operação emitam qualquer avaliação, opinião ou juízo de valor sobre a empresa.
Sem ajuda dos analistas, o pequeno investidor terá de decidir sozinho se deve investir numa operação que envolve o preço do petróleo (em 2020) que está a 5.000 metros de profundidade, e cuja tecnologia para extração ainda não existe. A única fonte de informação é o prospecto, manual de instruções, que descreve operação e riscos.
Fonte: Diário do Nordeste (CE)
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