Economistas consultados pelo Banco Central elevam para 11,25% previsão para a taxa básica de juros ao final do ano
O setor exportador deve enfrentar pelo menos mais dois anos de piora no comércio do Brasil com o exterior. De acordo com as previsões do mercado financeiro, o superavit da balança comercial deve cair em 2011 pelo quinto ano seguido e registrar um encolhimento de 90% nesse período.
Em 2010, a balança comercial já começou no vermelho. Os números da primeira quinzena mostram que as importações estão superando as exportações em quase US$ 1 bilhão.
Desde 2006, as importações crescem mais do que as vendas para o exterior. Esse cenário vem se agravando com a valorização do real em relação ao dólar -o que deixa os produtos brasileiros mais caros no exterior- e com a desaceleração da economia mundial.
Para este ano, as previsões do mercado financeiro, de acordo com a pesquisa Focus do Banco Central, são que as contas terminem no azul. Mas o resultado, estimado em US$ 10,75 bilhões, deve ficar mais de 50% abaixo do registrado em 2009, ano em que as exportações já foram prejudicadas pela crise.
Para 2011, a expectativa é de uma nova queda superior a 50%, o que fará com que o volume de exportações supere o valor importado em apenas US$ 4,5 bilhões. Se confirmado, será o pior resultado desde 2001. Naquela época, no entanto, o Brasil saía de uma sequência de seis anos de deficit. Agora, registra sucessivas pioras.
A projeção do Banco Central para 2010 é mais otimista que a do mercado: prevê que as exportações superem em US$ 15 bilhões as importações.
A balança comercial é um dos principais componentes das contas externas brasileiras, que devem registrar em 2010 e 2011 os piores resultados da história. Alguns analistas já avaliam que esse setor será a "herança maldita" que o governo Lula vai deixar para o seu sucessor.
Um deficit nas contas externas indica que o Brasil está buscando poupança externa para bancar o seu crescimento. Neste ano, o mercado prevê um deficit de US$ 45,5 bilhões -o BC estima US$ 40 bilhões. Em 2011, ainda segundo o mercado, deve saltar para US$ 55 bilhões. O pior resultado até hoje são os US$ 33,4 bilhões de 1998.
Esse deficit é financiado pelos investimentos estrangeiros no setor produtivo e no mercado financeiro.
Juros
Se depender dos juros altos, o fluxo de capital de curto prazo não deve secar tão cedo. A pesquisa Focus mostra que os economistas elevaram para 11,25% ao ano a previsão de juros até o fim de 2010. Há quatro semanas era 10,75%.
Para 2011, a expectativa é que a taxa termine em 11%. A expectativa para o PIB também subiu -de 5,20% para 5,30%. Em 2011, o previsto é 4,5%.(Fonte: Folha de S.Paulo/EDUARDO CUCOLO/DA SUCURSAL DE BRASÍLIA)
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