A Petrobras está investindo em um novo mercado para seu petróleo diante da perspectiva de aumento da produção e de suas exportações: a Índia.
Em entrevista durante o Reuters Commodity Trading Summit, o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, disse que as vendas de petróleo para a China --principal mercado para as exportações brasileiras-- devem continuar a crescer à medida que aumenta a produção do campo gigante de Búzios, no pré-sal.
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Mas a divisão que cuida de comercialização e logística da Petrobras, que passou por reestruturação recentemente, tem buscado ativamente novos mercados, particularmente na Ásia.
A empresa começou a exportar petróleo para a Índia, ainda de forma tímida. E pretende ter o país asiático como um fornecedor relevante, de forma a minimizar a dependência da China para suas exportações.
“Nós esperamos uma evolução positiva em um futuro próximo, em três anos aproximadamente ter uma posição consolidada no mercado (indiano).”
A companhia também está ampliando as exportações de combustíveis para Cingapura. O país, que atua como um centro de embarques, aumentou as compras de combustível de baixo teor de enxofre da Petrobras para atender à nova legislação marítima, que visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
A produção do enorme campo de Búzios está aumentando o excedente de petróleo do Brasil, o que permitiu que a Petrobras elevasse sua meta de produção de 2020 em 5% nas últimas semanas.
A petroleira também se prepara para enfrentar maior competição interna, à medida que busca vender refinarias para pôr fim ao seu quase monopólio na produção de combustível no Brasil.
“Para poder enfrentar uma competição mais forte, estabelecemos uma divisão de logísticas, vendas e comercialização... para atuar como uma vendedora ativa, não uma vendedora passiva”, disse o CEO.
Apesar de ter atingido recentemente a posição de terceiro maior fornecedor de petróleo da China, à frente dos Estados Unidos, o Brasil ainda é um vendedor relativamente pequeno para o país asiático se comparado à Rússia e à Arábia Saudita, disse Castello Branco --mas não por falta de apetite.
A China poderia absorver todo o petróleo que o Brasil tem para oferecer e ela costuma pagar um prêmio pelo tipo de petróleo do campo de Tupi, afirmou o executivo.
Em abril, a Petrobras atingiu a marca histórica de 1 milhão de barris por dia em petróleo enviado para a China, após uma forte queda no consumo interno de combustíveis que reduziu o uso da commodity em refinarias locais.
“Neste momento, nós não temos a capacidade de vender 1 milhão (de barris por dia)”, disse Castello Branco. “Com o aumento na produção de petróleo, nós teremos disponibilidade para isso.”
Fonte: Reuters