A EOG Resources, maior produtora de petróleo de xisto nos Estados Unidos, acredita que o rápido crescimento de sua produção nos últimos anos cessará em 2015, num sinal inequívoco de como o barateamento do petróleo está impactando o setor.
A companhia disse a analistas em teleconferência, ontem, que está "optando intencionalmente por retornos em detrimento de crescimento". Mas acrescentou que se os preços mostrarem recuperação - para cerca de US$ 65 por barril no ano que vem, acima dos atuais US$ 50 -, poderá retomar um crescimento "de dois dígitos" no próximo ano.
A EOG está cortando seus gastos de capital em cerca de 40%, neste ano, retardando a exploração de suas reservas para evitar vender muito de seu petróleo durante o que poderá ser um breve período de preços baixos.
Seus planos, semelhantes aos de outros importantes produtores baseados no xisto, como a Devon Energy, sinalizam uma forte desaceleração no crescimento da produção americana de petróleo e, possivelmente, uma queda da produção neste ano.
A Noble Energy, outra empresa especializada em prospecção e produção nos EUA, disse que planeja cortar seus gastos de capital em 40% neste ano e que espera que sua produção de petróleo nos EUA cresça em média cerca de 4% em 2015, em comparação com 2014.
A EOG tem escrito uma das maiores histórias de sucesso no boom do petróleo de xisto americano, tendo quase quadruplicado sua produção de petróleo no período de 2010 a 2014.
Ao divulgar seus planos e reportar seus lucros para 2014, na quarta-feira, porém, a empresa informou que sua produção de petróleo nos EUA deverá ficar na faixa de 264 mil a 293 mil barris por dia neste ano - quase o mesmo que a média de 282 mil barris por dia reportada para 2014.
Jonathan Wolff, da Jefferies, estima que até o fim deste ano a produção americana da EOG será cerca de 7% inferior à do fim de 2014.
Essa desaceleração abrupta contrasta fortemente com o [cenário no] ano passado, quando sua produção nos EUA cresceu 33%. Wolff disse que a EOG tinha feito "exatamente a coisa certa", mas que seus planos serão uma decepção para sua "base de acionistas focada em crescimento".
No fim do pregão, ontem à tarde, as ações da companhia caíram 1,8%, para US$ 93,57.
A EOG é uma das empresas financeiramente mais sólidas especializadas em prospecção e produção nos EUA, com um retorno sobre o capital muito maior e endividamento muito menor do que os da média no setor.
Assim como suas concorrentes, a companhia está adiando substancialmente sua atividade de perfuração em resposta à quedas dos preços. Ela vai reduzir à metade, para 27, o número de plataformas em operação neste ano, e vai concentrar-se na exploração de perspectivas mais rentáveis em suas áreas básicas em campos de xisto Eagle Ford e na bacia do Delaware, ambas no Texas.
O campo de xisto de Bakken, em Dakota do Norte, continua a ser área focal para a empresa, mas será alvo de uma menor alocação de capital, acrescentou a EOG, tendo sido abertos apenas 25 poços neste ano, em comparação com 59 no ano passado.
Fonte:Valor Econômico/Ed Crooks | Financial Times, de Nova York
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