O colapso dos preços internacionais do petróleo, nos últimos pregões, pode ser o gatilho para uma “nova fase de profunda reestruturação” da indústria de óleo e gás, a exemplo das mudanças vivenciadas nos anos 1990, segundo a Wood Mackenzie. A estimativa da consultoria é que, se o Brent permanecer no patamar de US$ 35 o barril pelo restante do ano, até US$ 380 bilhões em fluxo de caixa podem desaparecer do mercado, ante as projeções dentro de um cenário de preços a US$ 60.
“Preços sustentados abaixo de US$ 40 o barril desencadeariam uma nova onda brutal de cortes de custos”, afirmou o chefe de análise de exploração e produção da Wood Mackenzie, Fraser McKay, em nota à imprensa.
A consultoria estima que, nos níveis atuais de atividade, muitas empresas precisam de um preço médio de US$ 53 o barril para se equilibrar em 2020, incluindo os atuais patamares de dividendos.
A Wood Mackenzie acredita que petroleiras mais alavancadas serão forçadas a fazer cortes mais profundos para evitar a falência.
O vice-presidente sênior de exploração e produção, Tom Ellacott, destaca que esta não é a primeira guerra de preços da indústria petrolífera, mas que dessa vez a demanda está fraca, em função dos efeitos do surto de coronavírus sobre crescimento econômico global.
"O cenário macroeconômico é de águas completamente desconhecidas para as empresas de petróleo e gás... No entanto, as finanças da indústria estão muito mais em forma, graças às ações tomadas após o último colapso dos preços”, afirmou o analista.
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As cotações de petróleo caíam cerca de 20% ao longo desta segunda-feira. A queda reflete a decisão da Arábia Saudita de instigar uma guerra de preços, à medida que aumenta o conflito com a Rússia. O ato levou os preços da commodity aos níveis mais baixos desde 2016 e levantou novas preocupações sobre os riscos associados a empresas de energia fortemente endividadas no mercado de crédito de alto rendimento. O reino cortou a maioria dos preços do petróleo e planeja aumentar a produção, apesar das ameaças existentes à demanda da epidemia de coronavírus.
Fonte: Valor