A produção de petróleo em dois dos campos de maior crescimento em formações de xisto nos Estados Unidos deverá cair em abril pela primeira vez desde 2013, com a queda dos preços do petróleo forçando empresas de energia a reduzir gastos, mostraram dados do governo americano.
A produção na formação de Bakken, na Dakota do Norte, vai cair 8 mil barris por dia (bpd) ante março, para 1,32 milhão de bpd, na primeira queda de produção desde dezembro de 2013, segundo dados de produtividade de poços divulgados pela Administração de Informação de Energia (AIE).
Já a produção em Eagle Ford, no sul do Texas, recuará 10 mil bpd, caindo para 1,72 milhão de bpd em abril, o primeiro declínio mensal desde outubro de 2013, previu a AIE.
A produção de petróleo na bacia Permian, no oeste do Texas e no Novo México, no entanto, subirá 21 mil bpd, para 1,98 milhão de bpd em abril, informou a AIE.
Os principais contratos de petróleo encerraram ontem em direções opostas. Nos Estados Unidos, os preços subiram porque os estoques de um dos principais postos de estocagem subiram menos que o esperado na semana passada. Já o Brent caiu em função da preocupação com o excesso de oferta.
O contrato do WTI para abril fechou em alta de US$ 0,39, ou 0,8%, para US$ 50 o barril na New York Mercantile Exchange (Nymex). Em Londres, o Brent para abril caiu US$ 1,20, ou 0,2%, para US$ 58,53 o barril na ICE Futures Europe.
A Genscape informou que os estoques de petróleo em Cushing, nos Estados Unidos, subiram em 1,7 milhão de barris entre 27 de fevereiro e 6 de março, de acordo com duas fontes da indústria. A empresa de coleta de dados também informou que entre 3 de março e 6 de março os estoques em Cushing cresceram 158 mil barris. O crescimento nos estoques foi menor que alguns operadores esperavam e aliviaram as preocupações de que Cushing está perto de sua capacidade máxima. Cushing é o ponto físico de entrega dos contratos futuros de petróleo WTI. Carl Larry, diretor de óleo e gás da Frost & Sullivan, diz que os números de Genscape foram "muito menores do que todo mundo esperava".
Em Londres, os preços do Brent caíram porque os investidores continuam preocupados com o excesso de oferta. Os futuros do Brent subiram mais que os do WTI este ano por conta da forte demanda e menores exportações de alguns países. Contudo, boa parte da demanda e parte das interrupções na oferta foram causados pelo clima, segundo nota do Goldman Sachs divulgada ontem. "O clima teve papel importante em manter os preços do petróleo", diz o banco. "Esperamos que o recente fortalecimento dos preços do Brent seja revertido."
"Os estoques muito altos são, provavelmente, a maior razão para os investidores continuarem cautelosos com os preços do petróleo", dizem analistas do Bank of America Merrill Lynch em relatório.
Fonte: Valor Econômico/Scott DiSavino e Edward McAllister | Reuters
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