Os preços do petróleo voltaram a subir nesta quinta-feira (19) motivados pela continuidade das tensões geopolíticas no Oriente Médio e pela notícia publicada pelo “Wall Street Journal”, obtida por meio de fontes do mercado, que aponta que a Arábia Saudita está buscando importar petróleo para cumprir com suas entregas, depois do ataque a duas instalações da estatal petroleira Saudi Aramco no último sábado (14).
Os contratos para novembro do Brent, a referência global, fecharam em alta de 1,24%, a US$ 64,40 o barril, na ICE, em Londres. Isso depois de subir mais de 2% durante a sessão desta quinta e atingir a máxima de US$ 65,57 com a notícia do “Wall Street Journal”. O West Texas Intermediate (WTI), referência americana, bateu na máxima de US$ 59,54, mas desacelerou e fechou em leve alta de 0,03%, a US$ 58,13 o barril, na Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex) – somente dois centavos de dólar acima do fechamento anterior de US$ 58,11.
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Na semana, a alta acumulada do preço da commodity é de 6,84% para os contratos futuros do Brent e de 6,07% para os futuros do WTI, puxados principalmente pela disparada de quase 15% da segunda-feira (16), primeiro dia útil após o ataque de sábado às instalações da petroleira saudita.
Operadores do mercado passaram ao “WSJ” a informação de que a Arábia Saudita pediu 20 milhões de barris ao Iraque. Contudo, a Organização Estatal para o Mercado de Petróleo (SOMO, na sigla em inglês) negou que a estatal saudita tenha comprado o seu petróleo bruto para refino, o que contribuiu para desacelerar a alta do preço da commodity durante a sessão de hoje.
“Se você é um dos maiores produtores de petróleo do mundo e precisa de alguém para abastecer as suas refinarias, então é porque há claramente uma escassez", disse, à Dow Jones Newswires, Tamas Varga, da PVM Oil Associates. "Há um grande jogo de adivinhação neste momento e o mercado vai reagir a essas notícias, uma vez que são a única coisa a que o mercado pode reagir", acrescentou. "Esta situação lembra a interrupção do oleoduto em Druzhba, quando as notícias se contradiziam de que ia demorar duas semanas ou alguns meses. Se você é um investidor, deve pensar que a produção da Arábia Saudita não vai normalizar assim tão cedo como se pensava inicialmente."
No ambiente geopolítico, destaque para a entrevista à CNN do ministro de Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, que disse que o seu país está pronto para a guerra caso seja atacado. Na quarta (18), o Ministério de Defesa da Arábia Saudita rejeitou que o ataque à Aramco tenha partido do território do Iêmen, onde rebeldes houthis reivindicaram a responsabilidade pela ação. A monarquia saudita e os EUA acusam o Irã de ter participado diretamente do ataque, embora Teerã negue.
“Estão inventando isso. Por que querem inventar que o ataque partiu do Irã? Os iemenitas reivindicaram a autoria do ataque, forneceram informações sobre o ataque, responderam a toda campanha saudita de desinformação”, afirmou Zarif. Para o chanceler iraniano, sauditas e americanos “querem colocar a culpa no Irã por algum motivo não anunciado”.
Também nesta quinta, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que se reuniu ontem com os governantes da monarquia saudita, reforçou a promessa feita na quarta pelo presidente Donald Trump de que os EUA fortalecerão as sanções econômicas contra o Irã.
“Estamos nos esforçando para criar uma coalizão num ato de diplomacia, enquanto o chanceler do Irã está ameaçando uma guerra generalizada e que irá combater até o ultimo soldado americano”, afirmou Pompeo. “Estamos aqui para criar uma coalizão com o objetivo de alcançar paz”, acrescentou o secretário de Estado americano, acalmando o mercado momentaneamente em relação ao cenário mais problemático, que seria um ataque ao Irã e um conflito militar na maior região produtora de petróleo do mundo.
Fonte: Valor