Os preços do petróleo fecharam a quarta-feira (15) em alta, apoiados pela tensão geopolítica na Arábia Saudita, que sofreu dois ataques em suas cadeias de produção nos últimos dias, e pela melhora na percepção dos investidores em relação às tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
Os preços futuros do Brent para julho encerraram a sessão em alta de 0,74%, para US$ 71,77, na ICE em Londres, enquanto os contratos do WTI fecharam em alta de 0,38%, a US$ 62,02 por barril, na divisão de Comex da Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex).
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A valorização veio mesmo com a divulgação de que os estoques de petróleo dos EUA cresceram o correspondente a 5,431 milhões de barris, a 472,035 milhões na semana passada, segundo dados divulgados pelo Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês). O número total é o maior desde setembro de 2017 e contraria a expectativa de consenso, de queda de 1,4 milhão de unidades.
"De uma perspectiva macro, o relatório [do DoE] seguiu obviamente uma tendência baixista", disse Dominick Chirichella, da DTN. "Mas há muita coisa acontecendo na geopolítica agora, e as ações parecem estar se recuperando após a reação negativa, no início da semana, às tensões comerciais entre EUA e China", afirmou.
Na terça (14), a Arábia Saudita precisou interromper a operação de um importante oleoduto entre o leste do país e o porto de Yanbu, no Mar Vermelho, após a estrutura ter sido atingida por um ataque realizado por um drone armado, em ação assumida por rebeldes Houthi, do Iêmen. No domingo (12), dois petroleiros sauditas foram danificados no estreito de Ormuz, em episódio que o governo classificou como sabotagem, atribuída ao Irã.
As incertezas sobre a oferta de petróleo do principal produtor do Oriente Médio, junto com aumento de estoques nos Estados Unidos, têm provocado um aumento na diferença de preços entre o Brent e o WTI. O spread ultrapassou os US$ 10 no fechamento desta quarta, maior diferença desde outubro.
O custo do transporte de petróleo bruto dos EUA faz com que, em média, o WTI seja negociado com um desconto de US$ 3 a US$ 4 para o Brent.
"O atual spread entre o petróleo dos EUA e o internacional deve permanecer acima da média até que os gasodutos [atualmente em construção] nos EUA entrem em operação e aliviem o aumento da oferta", disse Brian Kessens, especialista em energia da Tortoise Capital. "Até lá, produtores dos EUA devem ser prejudicados, pois teriam que vender seus produtos com um desconto significativo para o Brent", disse Kessens, se referindo aos custos extras com transporte da commodity nos EUA, em relação à Europa, que conta com infraestrutura mais ampla. De acordo com ele, nesse meio tempo, os refinadores se beneficiarão, ao poderem comprar petróleo dos EUA mais barato e vender seus produtos - gasolina e combustível para aviação - a preços vinculados ao Brent.
Fonte: Valor