Não existe o limite mágico - e tão repetido por executivos da Petrobras - de 35% de alavancagem líquida para garantia do selo de grau de investimento das agências de classificação de risco.
Pelo menos é isso que garantem a Moody's e a Fitch Ratings, duas das maiores empresas do segmento em todo mundo.
"A gente nunca disse para eles que se esse limite for ultrapassado haverá um redução de rating", diz Thomas Coleman, analista que acompanha Petrobras na Moody's.
"Os ratings não se baseiam em uma métrica específica, um único indicador, e essa (alavancagem líquida) não é das mais relevantes", afirma Ricardo Carvalho, diretor-sênior de avaliação de empresas da Fitch Ratings.
Segundo Carvalho, a nota de crédito de uma empresa como a Petrobras é baseada em uma série de medidas e em outras avaliações, com foco principal no fluxo de caixa da companhia.
De qualquer forma, há consenso de que os sócios precisam ajudar a financiar o plano de investimento de mais de US$ 200 bilhões nos próximos cinco anos.
Apesar de a perspectiva do rating da Petrobras estar estável na Fitch, Carvalho diz que, "no médio prazo, a chance de rebaixamento é maior do que de elevação", dado o cenário atual.
A grande questão é que os projetos desenvolvidos pela empresa são de longa maturação. Exigem um grande desembolso de recursos agora, mas só vão gerar fluxo de caixa positivo para a companhia daqui alguns anos.
Desta forma, eles precisam ser financiados por meio de dívida, ou de capital próprio dos sócios. Se todo o recurso for tomado de terceiros, o nível de endividamento da companhia ultrapassará os limites aceitáveis para que permaneça como grau de investimento.
As agências até poderiam tolerar o rompimento de algumas métricas importantes por algum tempo, se notassem que o limite seria restabelecido em um horizonte previsível. Mas esse não é o cenário traçado para a Petrobras.
"Acompanhando o agressivo programa de investimento, a capitalização é essencial para evitar uma pressão sobre o rating", diz o diretor da Fitch, sem entrar no mérito dos projetos incluídos no plano de investimento, como o de quatro refinarias, questionadores por alguns analistas.
Segundo Coleman, da Moody's, se a capitalização atrasar alguns meses, isso não causará necessariamente um rebaixamento da nota de crédito da estatal. Mas ele alerta que caso a operação, não saia, a única saída seria reduzir o investimento.
Para as agências, é apenas o financiamento do plano que preocupa. A rolagem das dívidas atuais da companhia não é considerado um problema.
Fonte: Valor Econômico/ Fernando Torres, de São Paulo
PUBLICIDADE