O ritmo de crescimento das exportações brasileiras tem superado o aumento das importações desde dezembro do ano passado, mas boa parte desse movimento se deve ao contínuo aumento dos preços das commodities. Em fevereiro, os embarques cresceram 23,5% ante o mesmo mês do ano passado, enquanto as compras do exterior aumentaram 18,4%.
"A balança começa o ano muito positiva. Temos observado que, desde dezembro do ano passado, o crescimento das exportações tem sido maior que o das importações. A situação vem se sustentando nos últimos três meses, mas é difícil dizer como isso vai proceder no futuro", avaliou o secretário-executivo-adjunto do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Ricardo Schaefer.
No entanto, o aumento da participação dos produtos básicos na pauta de exportações em função dos aumentos de preços tem preocupado o governo. O percentual de industrializados (semi e manufaturados) no total das vendas caiu de 59,7% no primeiro bimestre do ano passado para 53,8% este ano, enquanto os embarques de matérias-primas cresceram de 37,6% para 44%. As operações especiais (como venda de serviços de engenharia, design e consultoria, entre outros) caíram de 2,7% para 2,3% no mesmo período de comparação.
"Obviamente, a nossa meta e o nosso desejo é que a gente continue o processo de diversificação da pauta. Agora não dá para dizer que é ruim que a gente tenha um desempenho superior nas vendas de básicos. Estaríamos muito mais preocupados se industrializados não tivessem aumentado as vendas", acrescentou Schaefer.
Um dos maiores responsáveis pelo superávit na balança brasileira é o minério de ferro, cujas vendas em valor se expandiram 111,2% em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2010. O forte desempenho, entretanto, está diretamente relacionado ao aumento de 136,2% no preço da commodity, enquanto a quantidade real embarcada na verdade caiu 10,6%. "O minério de ferro realmente é um ponto fora da curva e a Vale está em negociação com a China, com um já divulgado aumento de 20% no preço no segundo trimestre", afirmou o secretário.
O mesmo acontece com o preço da soja, que aumentou 50,2% nessa comparação, enquanto a quantidade exportada cresceu apenas 7,3%. "No geral a tendência é de crescimento dos preços das commodities alimentícias", projetou Schaefer.
Com o bom desempenho dos básicos e um aumento mais comedido, mas ainda significativo, dos bens manufaturados, as exportações brasileiras bateram recorde para meses de fevereiro, com US$ 16,733 bilhões. O resultado do primeiro bimestre também foi inédito, de acordo com a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres.
Segundo ela, a crise política em países do Oriente Médio e do Norte da África ainda não afetou os embarques brasileiros. Tanto que as vendas em fevereiro aumentaram para Egito, Líbia e Tunísia, na comparação com o mesmo mês de 2010. "Temos a expectativa de que isso se resolva no curto prazo sem prejuízo das exportações brasileiras", completou Tatiana.
Mesmo crescendo de forma mais moderada que as exportações, as importações também foram recordes tanto em fevereiro quanto no bimestre. Segundo Schaefer, porém, a redução do ritmo de crescimento da economia brasileira em 2011 e, por consequência, do consumo das famílias, deve impactar a dinâmica das importações. "Por outro lado, ritmo de investimento deve continuar elevado, impulsionando as importações de bens de capital", concluiu.
Fonte: Jornal do Commercio (RS)
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