A cotação do petróleo pode voltar, em um prazo de cinco anos, aos patamares registrados antes da crise, quando o barril da commodity chegou a ficar perto da marca de US$ 150. Essa é a expectativa de Benoît de Vitry, chefe do departamento de commodities e mercados emergentes do Barclays Capital.
O petróleo atingiu sua cotação máxima em julho de 2008, antes da quebra do Lehman Brothers em setembro. O primeiro contrato do WTI bateu recorde de US$ 145,29 no dia 3 de julho. No mesmo dia ocorreu a máxima do Brent, quando fechou a US$ 146,08.
Apesar disso, Vitry ressalta que a volatilidade de preços nesse mercado deverá persistir até o fim do processo de recuperação da economia global, que deverá durar mais dois anos, aproximadamente. Mesmo assim, a oscilação tende a ser mais suave do que a observada durante a fase mais dura da crise financeira, observa.
Segundo o analista, o valor do petróleo, que tem oscilado dentro da faixa de US$ 80 a US$ 90, deverá passar a variar dentro da banda de US$ 90 a US$ 100 no segundo e terceiro trimestres deste ano, para, em seguida, alcançar o intervalo de US$ 90 a US$ 100.
"Nossa visão é a de que os preços subirão no curto, médio ou longo prazo, puxados pelos fundamentos de oferta e demanda", afirma o especialista do Barclays.
De acordo com Vitry, historicamente, as perspectivas do mercado costumam superestimar a tendência de produção, e, por outro lado, subestimar o consumo. "Assim, sempre tivemos mais demanda do que o esperado e menos produção do que o esperado", afirma ele.
Nesse sentido, Vitry afirma que não há risco de escassez de reservas de petróleo nos próximos dez anos, mas a atividade de produção, assim como os investimentos em exploração, dependerão do preço que o produto atingir no mercado. "Não faltará petróleo no mundo, a questão é o preço", diz.
Nos cálculos da equipe de pesquisas em commodities do Barclays, o petróleo WTI, negociado em Nova York, deverá alcançar a cotação média de US$ 92 no quarto trimestre. Ontem, o contrato para vencimento em maio do WTI fechou a US$ 85,39.
Para o Brent, negociado em Londres, a expectativa é de uma cotação média de US$ 91 nos três últimos meses do ano, ante o patamar de US$ 84,81 no fechamento de ontem, no contrato para maio.
Na média, os preços da commodity acumularam em março quatro trimestres seguidos de valorização, além de marcar nos primeiros três meses deste ano o quinto maior patamar médio da história, segundo relatório do banco. Mas em relação aos picos registrados em 2008, o WTI apresenta um queda de 41,23% e o Brent tem um perda de 41,94%.
Fonte: Valor Econômico/Eduardo Laguna, de São Paulo
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