Os preços do petróleo se firmam em queda de mais de 2% nesta sexta-feira, pressionados por uma combinação negativa de dados econômicos, nos Estados Unidos e na China, que contribui para lançar dúvidas quanto à demanda pela commodity.
Ao redor de 15 horas, os contratos do Brent para maio apontavam perda de 2,17%, a US$ 64,86 por barril, na ICE, em Londres, enquanto os contratos do WTI para abril cediam 2,45%, a US$ 55,27 por barril, na Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex). No mesmo horário, os índices acionários de Nova York estavam em baixa.
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Os sinais de que EUA e China não estão tão próximos quanto se pensava de um acordo final sobre a disputa comercial, bem como o fraquíssimo desempenho das exportações chinesas em fevereiro, em queda de 20,7%, e a geração de vagas de trabalho nos EUA no mesmo mês, apenas 20 mil, corroboram a percepção de que a economia global segue em desaceleração, sem sinal de que uma reversão significativa esteja a caminho.
Hoje, o embaixador dos EUA na China disse que ainda não há data para a reunião de cúpula entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping, na medida em que o acordo comercial entre os dois países não é “iminente”, o que veio como um balde de água fria no otimismo que prevalecia no mercado sobre a questão.
“O mercado está preocupado com a perspectiva econômica e isso está pesando sobre os ativos de risco como um todo”, diz Giovanni Staunovo, analista de commodities do UBS Wealth Management. “Há mesmo risco de recessão, o que certamente fere a demanda por petróleo”, acrescenta.
Outro desdobramento negativo para a perspectiva econômica global foi a adoção, antes do que se esperava, de uma nova rodada de estímulos monetários pelo Banco Central Europeu (BCE), que se torna assim o primeiro grande BC a reconhecer a perda de dinamismo da atividade e a tomar iniciativas para contrabalançá-la.
Ontem, além de anunciar uma nova série das linhas de financiamento de longo prazo em condições favorecidas aos bancos, a partir de setembro, o BCE colocou para mais adiante a indicação sobre quando os juros voltarão a subir na zona do euro, agora em 2020, ante referência anterior que coincidia com o fim do verão no hemisfério norte, em setembro próximo.
Fonte: Valor