Mais do que não receber dividendos, o prejuízo de R$ 1,35 bilhão da Petrobras no segundo trimestre acentuou a preocupação com a gestão política na estatal, podendo ter forte impacto hoje nas ações.
Os resultados da empresa foram considerados excessivamente austeros e pessimistas, especialmente em relação aos custos de investimentos nos novos poços e às paradas programadas para manutenção de plataformas.
Para analistas, a nova gestão liderada pela presidente da estatal, Graça Foster, preferiu pecar pelo formalismo e adiantar perdas que poderão mais tarde ser mitigadas como forma de "limpar o passado", colocando o insucesso na conta do ex-presidente José Sergio Gabrielli.
Quem ainda tem ação da estatal deve esperar um melhor momento para vender o papel, que pode se recuperar se vierem resultados consistentes, segundo analistas.
MOMENTO RUIM
O mesmo vale para quem tem ação no Fundo FGTS. Além do momento desfavorável, quem sair agora se submete ao rendimento de 3% ao ano mais TR do Fundo de Garantia, perdendo da inflação.
Na última sexta, minutos após a Petrobras divulgar o prejuízo, as ações PN (preferenciais, sem voto) e ON (ordinárias, com voto) recuaram 2% -limite de variação de uma ação permitida no "after market", negociação eletrônica que ocorre depois do fechamento do pregão regular.
O desempenho das ações hoje dependerá do tom dos esclarecimentos que serão dados pelos gestores em teleconferência com analistas.
"Estamos revendo todas as nossas projeções de preço para a Petrobras", disse Nataniel Cezimbra, analista de petróleo do Banco do Brasil Investimentos.
"Esse resultado mostra que a política de preço é danosa para a companhia e para o setor", disse Ricardo Corrêa, analista da Ativa Corretora.
Desde 2003, a Petrobras evita elevar o preço dos combustíveis no mesmo ritmo dos preços internacionais do petróleo para não pressionar a inflação no país.
Em carta aos investidores, Graça Foster reiterou seu "comprometimento" com a paridade internacional de preços do petróleo.
A estatal reajustou os preços da gasolina e do óleo diesel em junho, mas a alta não foi considerada suficiente para reduzir a antiga defasagem nos preços.
Segundo Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, apesar dos últimos aumentos da gasolina e do diesel, os dois combustíveis mantêm defasagem de cerca de 14% e 17%, respectivamente, em relação aos preços internacionais.
Fonte: Folha de S.Paulo / Toni Sciarretta
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