O setor de mineração continuará aquecido pelos próximos anos e os países serão mais beneficiados na medida em que criarem ambientes atraentes ao investimento. A conclusão é do líder global de mineração da PricewaterhouseCoopers (PwC), Tim Goldsmith, para quem governos e empresas devem conversar e encontrar pontos comuns antes da implantação de medidas que alterem marcos regulatórios ou que determinem novas obrigações de investimento.
O executivo, que esteve no Brasil na semana passada para visitar as principais empresas e executivos do setor, enxerga com naturalidade a intenção do governo de reformular o marco regulatório e vê uma tendência de que alguns governos tentem cobrar mais tributos de um setor que aumentou significativamente a lucratividade nos últimos dez anos. Para ele, a intenção das companhias é atuar em um ambiente estável e com possibilidade de interlocução com o governo.
"Não há resposta certa para isso [se há espaço para elevar taxas]. Os governos e companhias têm de dialogar. O que posso dizer é que as companhias gostam mais de pagar taxas sobre o lucro do que sobre as receitas, por exemplo", afirmou Goldsmith. "O melhor caso na indústria mineradora é aquele com debates e que acaba com algo que é eficiente", acrescentou.
Goldsmith não considera que as discussões em torno do novo marco regulatório brasileiro sejam suficientes para afastar investidores interessados em aportar recursos em bons projetos. Para ele, a taxação não é o principal determinante para a decisão de um investidor.
"Quando se olha a decisão de uma mineradora para investir, os tributos são uma coisa, mas não é tudo. O mais importante, francamente, é a geologia. Depois é que são analisados a estabilidade do país, os custos, taxas, mão de obra e toda a infraestrutura", disse.
A visita ao Brasil é fruto, segundo ele, de uma história de sucesso da mineração no país nos últimos dez anos. E, ao contrário de diversos analistas, Goldsmith vê espaço para bons projetos de companhias júnior no país.
E o ambiente positivo não está restrito ao Brasil, na medida em que a PwC enxerga avanços significativos em diversos países da América do Sul, com os maiores elogios para os peruanos, país que, segundo Goldsmith "encorajou" as companhias na última década.
"Em vez de pensar apenas em cobrar taxas, o Peru fez regras para atrair mais companhias, criou um ambiente mais atraente para as empresas. Com isso, houve mais confiança para investir", completou Ronaldo Valiño, consultor da PwC para o setor de mineração.
Outra demanda do governo que deve ser alvo de debates profundos com as empresas é o trabalho para agregar valor ao minério de ferro. Goldsmith frisou que é normal ao redor do mundo governos tentarem adicionar o maior valor possível aos itens básicos produzidos.
"Qualquer governo que diz 'vamos fazer isso' corre um grande risco. Assim como uma companhia que ignora um governo também corre um grande risco. O que é necessário é construir relações de ganha-ganha", explicou.
Para Goldsmith, as duas principais interrogações na relação entre o governo e as mineradoras não são capazes de mudar o cenário de uma demanda global crescente, o que tende a estimular a busca por bons projetos no país. Segundo ele, o crescimento global continuará sendo puxado nos próximos anos pelos países emergentes, o que estimulará a produção de aço e, consequentemente, a busca pelas matérias-primas minerais.
Com isso, a expectativa é de que investidores globais - notadamente da China - continuem procurando boas oportunidades de negócios para a produção de minerais.
Fonte: Valor Econômico/Rafael Rosas | Do Rio
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