A Rio Tinto vai reduzir ainda mais sua carteira de projetos secundários, após anunciar uma revisão de suas opções para a mina de cobre de Panguna, fechada há 25 anos depois de envolvida em um conflito separatista na Papua Nova Guiné.
Panguna, na ilha de Bougainville, no oceano Pacífico, era uma das minas de cobre mais ricas do mundo antes de ser fechada em 1989 em meio a uma revolução violenta que explodiu na ilha. A produção foi suspensa em 1989 e todo o pessoal foi retirado no ano seguinte. Desde então, a mina mal foi tocada.
As chances da Rio Tinto de reabrir com sucesso a mina foram por terra este mês, quando o governo autônomo que hoje controla Bougainville cancelou suas licenças de exploração da mina. Uma lei implementada pelo parlamento autônomo da região na verdade concede à Boungainville Copper Limited (BCL), a operadora da mina, apenas uma licença de exploração e o direito de primeira recusa sobre sua operação renovada.
A Rio Tinto, que controla Panguna por meio de uma participação de 53,8% na BCL, disse ontem que a legislação tornou "o momento apropriado para rever todas as opções" para sua participação. A BCL vinha negociando com o governo autônomo, assim como com o governo de Papua Nova Guiné e donos de terras de Bougainville, um possível retorno a Panguna.
A reabertura de Panguna seria custosa, segundo a Rio Tinto. Seu relatório anual diz que seria necessário um investimento de US$ 5,2 bilhões para a reabertura da mina com uma nova infraestrutura, de acordo com um estudo concluído pela BCL no ano passado.
Segundo algumas estimativas, a presença renovada da Rio Tinto na ilha também poderia ser controversa depois da guerra civil que estourou em 1989, durou uma década e custou 20 mil vidas. Da maneira como está, a mina é irrelevante para a estratégia da Rio Tinto para sua divisão de cobre, que é baseada na produção de quatro grandes minas - na Mongólia, Chile, Estados Unidos e Indonésia, além de dois projetos que avançam lentamente para a aprovação do conselho de administração.
Sob o comando do executivo-chefe, Sam Walsh, e do presidente da divisão de cobre, Jean-Sebastian Jacques, a Rio Tinto vem eliminando projetos que os executivos acreditam ter poucas chances de avançar e estão consumindo tempo administrativo.
Uma venda pela Rio Tinto de sua participação em Panguna seguiria-se à decisão tomada, este ano, de sair de Pebble, um projeto de exploração de cobre no Alasca que no entender de muitos observadores será muito difícil de ser desenvolvido por causa das preocupações ambientais.
A Anglo American também saiu de Pebble, numa amostra de como as maiores mineradoras do mundo estão tentando reduzir carteiras de ativos inchadas.
A Rio Tinto passou sua participação em Pebble para um grupo de organizações locais e deverá tentar achar um comprador para sua participação na BCL, que continua listada na bolsa de valores da Austrália e tem um valor de mercado de 188 milhões de dólares australianos.
Fonte: Valor Econômico/Por James Wilson | Financial Times
PUBLICIDADE