Após o amargo colapso de seu pacto de produção de petróleo com a Rússia, a Arábia Saudita está cortando os preços da commodity e se preparando para aumentar os volumes produzidos, como parte de uma campanha agressiva para arrebatar parte da fatia de mercado de Moscou, segundo delegados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e de oficiais sauditas.
A aposta ocorre após o rompimento de uma parceria de longa data entre alguns dos maiores produtores de petróleo do mundo, incluindo Arábia Saudita e Rússia, na sexta-feira. Os dois lados não chegaram a um acordo sobre cortes de produção para sustentar o preço do óleo frente à desaceleração econômica provocada pelo coronavírus.
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Em aviso encaminhado aos compradores ontem, a estatal de petróleo e gás da Arábia Saudita, Saudi Aramco, informou que estava cortando a maior parte de seus preços. A estatal reduziu o valor médio do barril de óleo bruto entregue no próximo mês em US$ 7 para os Estados Unidos, em US$ 8 para o norte da Europa e em US$ 6 para o Extremo Oriente
As reduções de preço tem por objetivo direto reduzir a participação de mercado da Rússia, disseram autoridades sauditas, mas a estratégia do reino não se limita a essa iniciativa, já que há plano de aumento da produção de petróleo bruto para 10 milhões de barris por dia, dos 9,7 milhões de barris diários. barris por dia em janeiro.
Os oficiais disseram que a Arábia Saudita aumentará a produção no próximo mês para mais de 10 milhões de barris por dia e poderá chegar à capacidade máxima de 12 milhões de barris por dia, se necessário.
O receio de uma iminente guerra de preços fez com que as ações da Saudi Arabian Oil Co., denominação formal da petroleira saudita, caíssem até 9% nas negociações de domingo em Riad, para menos de 30 riais.
Em 2014, a Arábia Saudita inundou o mercado e enfraqueceu os preços, na esperança de prejudicar os produtores americanos. Agora, o aumento da produção poderia ter um impacto diferente porque ocorreria num momento em que há pouca previsibilidade de demanda adicional pelo óleo saudita.
O reino já havia sinalizado, na semana passada, que estava reduzindo em 500 mil barris por dia suas exportações devido à ausência de demanda por seu insumo. A potência asiática reduziu o consumo de óleo, porque refinarias locais foram forçadas a fechar e as viagens foram limitadas com vistas a conter a disseminação do coronavírus. Analistas esperam que a disseminação do vírus no resto da Ásia, bem como na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, enfraqueça ainda mais o consumo de petróleo.
"O que torna essa guerra de preços especialmente perigosa e histórica é que ela eclode simultaneamente a enorme choque de demanda, do coronavírus", disse Robert McNally, presidente da Rapidan Energy Group, consultoria que atua no mercado de energia com sede em Washington.
Fonte: Valor