Além da redução significativa de área cultivada com trigo no País - resultado dos preços baixos e da dificuldade de comercialização dos últimos anos -, a produção nacional do cereal será ainda menor em razão dos problemas climáticos ocorridos nos principais estados produtores. Segundo levantamento da consultoria Safras & Mercado, a safra brasileira de trigo deve chegar a 4,75 milhões de toneladas em 2012, volume 16% inferior ao do ano anterior.
Rio Grande do Sul e Paraná respondem por quase todo o trigo produzido no Brasil e a colheita gaúcha foi a mais afetada pelas intempéries climáticas. Com estimativa de quebra de 16,7% em comparação à safra passada, a colheita gaúcha deve totalizar 2,2 milhões de toneladas de trigo. No Paraná, os prejuízos foram menores e causados principalmente pela redução de 27% na área plantada com o cereal.
Dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), projetam uma produção de 2,1 milhões de toneladas, volume 14% menor do que a produção da safra anterior e que representa uma quebra de 2% em relação à estimativa inicial da safra. ''Houve uma pequena queda de rendimento e qualidade causada pela estiagem que atingiu as regiões Oeste e Sul do Paraná, mas nada próximo da quebra ocorrida no Rio Grande do Sul'', comenta o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Winckler Godinho.
O agrônomo explica que as lavouras da região Norte do Estado apresentaram bom desempenho e não foram afetadas pelas geadas nem pelo longo período de seca ocorridos em setembro. Até o momento, 82% da área cultivada com trigo no Paraná já foi colhida. Mas Godinho explica que as chuvas começaram a comprometer a qualidade das lavouras no Sul do Estado na época em que apenas 72% estava colhida. Com isso, ele avalia que 28% da produção deve ter a qualidade prejudicada.
Mercado
Apesar de elevada em comparação aos anos anteriores, o ritmo de comercialização do trigo no Paraná está lento. ''Com preços mais altos, grande parte dos produtores está segurando a produção na expectativa de obter preços ainda melhores. A valorização dos grãos de verão deixou os agricultores capitalizados o suficiente para aguardar o melhor momento para venda do trigo'', analisa Godinho. Até agora, 28% da produção já foi vendida, o equivalente a aproximadamente 600 mil toneladas.
Segundo Godinho, a lentidão da comercialização é resultado também da sobra de 1 milhão de toneladas de trigo no mercado nacional, somada à entrada de um volume recorde de produto importado. Entre janeiro e setembro deste ano, o Paraná importou 526 mil toneladas de trigo do Mercosul, maior volume já adquirido em 10 anos.
Em um ano, o trigo sofreu valorização de 33,8% no Paraná, passando de R$ 25,40 em setembro de 2011 para R$ 34 no mês passado. ''A tendência é de que o preço se mantenha nesse patamar nos próximos meses, tendo em vista que a produção de trigo da Argentina e da Austrália também apresentou redução'', avalia Godinho.
Fonte: Folha de Londrina,PR / Mariana Fabre
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