Após uma retração de 8,1% nos seis primeiros meses do ano frente a igual época de 2011, as exportações do Rio Grande do Sul começam a ter perspectivas um pouco mais animadoras. De acordo com a Fundação de Economia e Estatística (FEE), o segundo semestre deve atenuar parte da perda acumulada ao longo de 2012. Em julho e agosto, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) analisados pela FEE, as vendas internacionais do Estado totalizaram US$ 3,608 bilhões, decréscimo de 1,1% na comparação com o ano passado. Mesmo assim, o índice de momento é melhor do que a média nacional. Em igual amostra, o Brasil obteve US$ 43,384 bilhões, uma queda de 10,4%.
O mês passado sinalizou que a indústria de transformação começa a dar as cartas com mais força na pauta gaúcha a partir de agora. “O desempenho de agosto indica que o resto do ano vai ter uma performance superior ao primeiro semestre, que será puxada pela indústria. Isso não significa que o Estado irá superar ou igualar o valor exportado em 2011, mas vai ser possível amenizar a queda já constatada em 2012”, acredita Bruno Caldas, economista da FEE. Para Caldas, o resultado recente é positivo, pois se equipara às negociações em agosto de 2011 e supera o resultado verificado em anos anteriores.
Ao todo, os embarques no oitavo mês de 2012 renderam US$ 1,83 bilhão, queda de 1,6% na comparação à temporada passada. O setor produtivo se responsabilizou por US$ 1,3 bilhão (-1,6%). Já o agronegócio gerou US$ 430 milhões, apresentando uma diminuição de 2,5% em valor, mas uma expansão de 20,1% nos preços dos produtos comercializados. Outros segmentos cresceram 12,1%, movimentando US$ 34,9 milhões. Mesmo com o encolhimento total das exportações, o Estado conseguiu retomar o posto de quarto maior exportador do País, com uma participação de 7,5%. Até julho, o Paraná superava o Rio Grande do Sul.
A elevação no ranking entre os estados brasileiros passou pelos US$ 215,8 milhões captados com fumo (45,9% a mais), os US$ 450,7 milhões dos produtos alimentícios e bebidas (5,6% a mais) e os US$ 23,8 milhões de caminhões e ônibus (447,7% a mais). Por outro lado, as transações de couros e calçados atingiram US$ 78,1 milhões (29,6% a menos), e os químicos alcançaram US$ 181,6 milhões (29,9% a menos).
“Se levarmos em conta o cenário no qual as exportações do Estado estão envolvidas neste ano, o resultado pode ser considerado positivo. As exportações devem encerrar o ano com queda, mas o início do segundo semestre aponta que essa diminuição pode ser pequena e que o Rio Grande do Sul deve manter a quarta colocação no País”, afirma a economista da FEE Cecília Hoff. Neste sentido, ela lembra que o protecionismo argentino, a estiagem e a crise econômica da Europa afetam diretamente o comércio exterior gaúcho. Só com a Argentina, a defasagem atual é de US$ 270 milhões. Além disso, a base de comparação anterior é elevada, pois, em 2011, uma boa safra garantiu US$ 19,4 bilhões em vendas internacionais.
De janeiro a agosto, as exportações gaúchas atingiram US$ 12,1 bilhões, retração de 6,1%. A China responde por US$ 2,1 bilhões do montante, apesar da variação negativa de 0,6% na comparação com igual época de 2011. Compradores tradicionais de armas e fumo, os Estados Unidos cresceram 10,7% na lista de destinos e encurtaram a distância para a Argentina, hoje o segundo principal mercado do Estado.
Fonte: Jornal do Commercio/RS / Fernando Soares
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