Petroleira estatal tem meta de investimento de R$ 88,5 bilhões para 2010
A Petrobras estará diante de um dilema se não conseguir a capitalização. Terá que reduzir seu plano de investimento de R$ 13 bilhões a R$ 18 bilhões (a depender de quanto ela pagar de dividendo no quarto trimestre) para manter o índice de endividamento abaixo de 35%. Caso contrário, ultrapassa esse limite no quarto trimestre deste ano, encerrando 2010 com o indicador entre 37% e 38%.
Apesar de não ser um número mágico, o índice de 35% na relação entre a dívida líquida e a capitalização líquida (soma da dívida com o patrimônio) é tido como um indicador crítico para que as agências de classificação de risco mantenham a nota de investimento da estatal.
Considerando o investimento de R$ 34,8 bilhões feito pela estatal no ano até junho, o Valor fez uma simulação para saber quando a Petrobras vai estourar o limite, caso ela cumpra a meta de investir R$ 88,5 bilhões este ano e não consiga realizar uma oferta pública de ações no mercado, com ou sem cessão onerosa de 5 bilhões de barris de petróleo pelo governo.
Pelo exercício feito, a Petrobras teria encerrado o segundo semestre com R$ 19,2 bilhões em caixa (ante R$ 26,9 bilhões no fim de março), considerando fluxo operacional de R$ 13 bilhões, empréstimo de R$ 2 bilhões na Caixa Econômica Federal, investimento de R$ 18,8 bilhões e dividendo de R$ 3,9 bilhões, que já foi pago.
Diante disso, restaria um desembolso de R$ 53,7 bilhões em investimentos na segunda metade do ano, sendo que foi considerado um fluxo de caixa operacional de mais R$ 30 bilhões para o período de julho a dezembro e também o pagamento de R$ 1,7 bilhão aos acionistas em julho.
Para não estourar o limite já no terceiro trimestre, a Petrobras teria que limitar o investimento do período de julho a setembro a R$ 20,9 bilhões, deixando R$ 32,8 bilhões para o último trimestre do ano.
Ainda assim, a estatal teria que tomar entre R$ 6,2 bilhões e R$ 9,6 bilhões em dívida no mercado (a depender do pagamento de dividendos) para fechar a conta e ficar com o caixa zerado, o que é evidente que ela não deixaria acontecer.
Se cortar os investimentos, ela não precisa tomar novos empréstimos, teria recursos para pagar os dividendos e ainda ficaria com dinheiro em caixa. O cálculo do pagamento de dividendos ficou em R$ 3,3 bilhões para o quarto trimestre. Dessa forma, ela manteria o pagamento em torno dos R$ 9 bilhões dos últimos anos.
Para a simulação, foi levado em conta o efeito do lucro no patrimônio líquido trimestre a trimestre (o que ajuda a reduzir o nível de endividamento), descontados os dividendos. Foi considerado um lucro linear de R$ 8,5 bilhões por trimestre.
(Fonte: valor Econômico/Fernando Torres, de São Paulo)
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