Após a venda da siderúrgica brasileira CSA para o grupo Ternium, a Thyssenkrupp vai centrar esforços nos negócios de bens industriais de alto valor agregado. São quatro as áreas de negócios do grupo alemão: elevadores, fabricação de componentes automotivos e industriais para máquinas, plantas industriais e de materiais e serviços. Essas áreas têm presença no Brasil e em outros países da América do Sul.
"A Thyssenkrupp de ontem [terça-feira] para cá será outra", disse ao Valor o diretor financeiro da operação América do Sul e presidente interino do grupo na região, Giovanne Pozzoli. "Nosso posicionamento estratégico continua em bens de capital e serviços de alto valor agregado", afirmou. Conforme o executivo, essas áreas já respondem por 75% da receita mundial do grupo, invertendo um peso relevante que a siderurgia tinha tempos atrás.
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Com a venda da CSA, o grupo alemão encerrou a operação Steel Americas, sua sexta unidade de negócios, criada no início da década passada, com operações no Brasil e EUA. Na siderurgia, manteve apenas a Steel Europe, que faz na Europa aços planos acabados voltados para aplicações de maior valor na cadeia produtiva.
Na região América do Sul, que de fato vai da Argentina até a divisa com o México, o grupo faturou 2,2 bilhões de euros (R$ 8,84 bilhões) no ano fiscal 2015/2016, encerrado em 30 de setembro. As operações no Brasil responderam por cerca de 90% desse valor.
A CSA tinha um peso relevante, da ordem de 70% nesse faturamento. E conta com 4 mil dos 13 mil funcionários na região.
Pozzoli observa que agora, sem a CSA, haverá uma importante diferença no resultado final das operações, no todo. "No médio prazo, o volume de faturamento tem redução grande, mas com uma qualidade de resultado bem melhor", devido à mudança estrutural dos negócios. A CSA vinha operando com prejuízo na última linha do balanço, mas já com lucro operacional (Ebit, na sigla em inglês).
O executivo explicou que a Steel Americas - que desde 2014 era formada só com CSA, após a venda da laminadora americana - passa a ser uma unidade de negócio descontinuada dentro da Thyssen até o fechamento da operação, previsto para 30 de setembro. Nesse período, afirmou, a transação será alvo de avaliação de autoridades antitrustes do Brasil e outros países.
Sobre o desempenho dos negócios na região, ele informou que no Brasil e Argentina "2017 está andando em lateral", com queda de receitas. Já nos países andinos há impactos decorrentes dos preços de commodities, mas com economias com melhor desempenho que Brasil e Argentina.
Fonte: Valor