O bom momento do mercado brasileiro de aço, com perspectiva de consumo aparente de 26,6 milhões de toneladas neste ano, a Usiminas tirou da gaveta o projeto de uma nova linha de produtos galvanizados (material anticorrosão). O presidente da companhia, Sergio Leite, disse ao Valor que os estudos de viabilidade devem ser concluídos até o início de 2022.
“Neste momento estamos trabalhando o planejamento de longo prazo, para até 2030, e um deles é a nova linha de galvanizados. Os estudos estão bem avançados e devemos leva-los ao conselho para a aprovação”, disse Leite.
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Atualmente, a Usiminas opera três linhas de galvanizados em Ipatinga (MG) e produz 1,3 milhão de tonelada por ano. O projeto da quarta unidade, de acordo com Leite, também avalia a possibilidade da sua instalação na Usiminas Cubatão, na Baixada Santista, em São Paulo. “O orçamento de 2022 esta sendo trabalhado agora e uma linha dessas pode entrar em operação, depois de aprovada, em dois a três anos”, afirmou Leite.
Em 2019, quando anunciou os estudos para essa linha, a Usiminas estimava uma capacidade instalada de 400 mil toneladas a 500 mil toneladas e investimentos da ordem de R$ 1 bilhão. “Neste momento, estamos avaliando essas variáveis”, disse.
Leite ressaltou que, além do bom momento do mercado doméstico, o desempenho recorde da Usiminas no segundo trimestre fez com que o projeto fosse novamente avaliado. “O nosso Ebitda trimestral foi muito importante, o lucro líquido e o caixa foram robustos. Estamos trabalhando no planejamento de longo prazo, para 10 anos. E há inúmeros projetos que estão em análise”, afirmou.
A Usiminas fechou junho com lucro de R$ 4,54 bilhões. No mesmo período do ano passado a companhia apresentou perda de R$ 395 milhões. Já a receita líquida cresceu 296% na mesma base de comparação, alcançando R$ 9,59 bilhões — um ano atrás a receita foi de ante R$ 2,42 bilhões.
Segundo o balanço da empresa divulgado na sexta-feira, o lucro ante juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) chegou a R$ 5,06 bilhões no segundo trimestre, ante R$ 192 milhões apurados um ano atrás, um salto de 2.543%. Esse bom resultado fez com que o caixa da Usiminas fechasse 30 de junho em R$ 6,05 bilhões. Em 2020, a companhia tinha em caixa R$ 2,5 bilhões.
O diretor de relações com investidores, Alberto Ono, ressaltou que o primeiro compromisso da Usiminas com o caixa líquido é com os investimentos já anunciados para os próximos anos.
Segundo o executivo, um deles é a reforma do alto-forno 3, que vai demandar aportes de R$ 2,1 bilhões. É prioridade para a companhia. “O nosso foco é a geração de caixa e o financiamento do nosso capex [investimento] já contratado”, afirmou Ono.
A forte geração de caixa fez com que a empresa terminasse o trimestre com uma dívida líquida negativa de R$ 220 milhões. No mesmo período do ano passado, a dívida era de R$ 3,71 bilhões. Com isso, a relação dívida líquida/Ebitda ficou negativa em 0,02 vez.
“Com esse caixa, conseguimos pagar as nossas dívidas e ainda nos sobra cerca de R$ 200 milhões. Foi o melhor trimestre deste século. Em 2016, a situação era de extrema fragilidade. Agora, é uma empresa forte, com resultados robustos e preparada para o futuro”, afirmou Leite.
O que puxou o bom resultado trimestral foram as vendas de aço e minério de ferro. Na siderurgia, as vendas chegaram a 1,31 milhão de toneladas, o maior volume trimestral desde 2014. A receita líquida somou de R$ 7,7 bilhões, avançando 33,9%. Já em minério, a Usiminas vendeu 2,05 milhões de toneladas, alta de 8%, o que rendeu uma receita de R$ 2,1 bilhões.
Fonte: Valor