Sem um reajuste dos combustíveis à vista, a Petrobras procura alternativas para engordar seu caixa para fazer frente a seu ambicioso plano de investimento.
No terceiro trimestre, a estatal obteve êxito em duas frentes: conseguiu receber R$ 1,7 bilhão devido por distribuidoras de energia da Eletrobras e liberou outros R$ 5 bilhões em títulos públicos que era obrigada a manter como garantia de uma dívida com o fundo de pensão de seus empregados, o Petros.
No caso da Eletrobras, a negociação foi concluída parcialmente e a expectativa é a de que novos pagamentos ocorram. A Eletrobras já estimou em R$ 3 bilhões o valor devido à Petrobras.
O débito tem origem na falta de pagamento do combustível vendido pela distribuidora BR às térmicas a óleo da região Norte. Almir Barbassa, diretor financeiro da Petrobras, afirmou que a negociação com a Eletrobras continua, mas não quis antecipar o valor total do acordo.
O dinheiro será usado para compor o caixa da estatal, afetado pela não correção dos preços dos combustíveis e pelos gastos maiores com a importação de gasolina.
De acordo com Barbassa, não está previsto um reajuste no curto prazo, embora a defasagem ante às cotações internacionais se mantenha. "Não há data para um reajuste", disse o executivo.
No terceiro trimestre, a companhia estatal lucrou R$ 5,6 bilhões, 12% menos do que no mesmo período do ano passado. De janeiro a setembro, o lucro caiu 52%.
PRODUÇÃO
Apesar do problemas enfrentados no terceiro trimestre, a Petrobras se mostra otimista com as expectativas de produção de petróleo até o fim do ano e manteve sua meta de produzir cerca de 2 milhões de barris/dia neste ano.
Segundo José Formigli, diretor de Exploração e Produção, a estatal enfrentará menos paradas de produção em suas plataformas e um novo sistema de produção começou a operar neste mês, ampliando a extração de óleo.
No mês passado, a Petrobras registrou o menor nível de produção em quatro anos, com extração de 1,843 milhão de barris, o que representa uma queda de 4,4% na comparação com o mês anterior.
CUSTOS COM PESSOAL
Mesmo diante dos esforços da Petrobras para conter gastos, a estatal ampliou seu custo de extração de petróleo no período de julho a setembro em 17% na esteira de fatores como maiores gastos com pessoal, mais intervenções em poços (como despesas com aluguel de sondas) e produção menor no período.
O peso mais significativo veio da despesa de R$ 875 milhões com o acordo coletivo firmado com os funcionários da estatal. "Foi um impacto pontual", afirmou Barbassa.
Fonte: Folha de S.Paulo / Pedro Soares
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