Todos sabem que o ministro do Planejamento, Nélson Barbosa, e o da Fazenda, Joaquim Levy, não são “do peito” da presidente Dilma. Foram chamados para arrumar a casa, após as bondades da era Guido Mantega. Barbosa já foi desautorizado ao falar em contenção do salário mínimo, embora seu anúncio tenha sido bem lógico. Em fase de depressão econômica, não é bom momento para se fazer política social com o mínimo. Ninguém sabe até que ponto Dilma irá dar suporte a Levy. Obviamente, a política de contenção de Levy não é a preferida da presidente – muito menos do PT – e ela foi obrigada a seguir essa rota sob pena de ver seu segundo governo chegar ao fim de forma depreciativa, com péssimos indicadores econômicos. Mas não se sabe qual o limite para Levy.
O ministro tem falado em elevar ainda mais uma carga tributária que já beira os 40%. Ocorre que a competitividade brasileira está caindo pelas tabelas e qualquer alta tributária, mesmo módica, só contribuirá para diminuir o poder de concorrência do país. Industriais lembram que, mesmo pagando imposto de importação, itens estrangeiros estão tendo sucesso no mercado brasileiro, o que só seria contido em caso de alta consistente do dólar. Mas essa alta não é bem-vinda, pois geraria inflação.
A verdade é que Levy não toca no ponto principal, não só para redução de custos, como dar exemplo: o corte radical no Custo Governo. Qualquer criança sabe que o número de ministérios é excessivo. O país criou uma rede burocrática enorme, com diversos institutos de pretensa defesa do ambiente; tribunais de contas, em todos os níveis, de um lado ajudam a controlar corrupção, mas oneram diretamente os custos governamentais. A energia elétrica, assolada pela seca e por medidas descontroladas em 2012, vai impor alta de quase 40% nas tarifas, em um ano no qual os juros não param de subir. A única saída para Joaquim Levy é cortar gastos no megaministério, reduzir despesas do Itamaraty no exterior, diminuir drasticamente o exército de funcionários em cargos de confiança e acabar com desperdícios da União.
Se não fizer isso, Levy cumprirá sua tarefa pela metade, apenas elevando impostos e onerando o Custo Brasil. A propósito, a Fundação Perseu Abramo, do PT, lembra que, se a economia não crescer, a arrecadação tributária irá frustrar a Levy, obrigando o governo – como ocorreu na Grécia, Portugal, Espanha e todo país em crise – a impor novas maldades. Disse a fundação: “A possibilidade destes ajustes aprofundarem as tendências recessivas da economia nacional não é desprezível. Caso este cenário pessimista se confirme, mesmo os aumentos das alíquotas dos impostos serão insuficientes para ajustar as contas públicas, tendo em vista que a arrecadação tributária será muito inferior à esperada”. Seria o cachorro correndo atrás do rabo.
Fonte: Monitor Mercantil/Sergio Barreto Motta
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